quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O diabo e o tamanho do seu rabo.


Ficaram várias chaminés pela cidade.
FotoJRToffanetto
Da primeira década do século XX, a Tecelagem Japi foi sendo demolida de forma a não ser tombada pelo patrimônio histórico. Subsistiu a chaminé.  Ela faz as pessoas olharem pro céu através do tempo? Talvez as crianças, somente. A "fábrica Japi" está em ruínas, menos o céu. Ainda que seja um céu ozônico - pobre da terra, pobre de nós - tem a idade do planeta. Soçobraram as estrelas do céu, bem menos da metade que podiam ser vistas. A visão delas foi encurtada. Expulsos os vagalumes... quase a totalidade das joaninhas... Parece que se tem vocação por escombros e arranha-céus. Vive-se quais formigas antenadas em buracos entupidos acima do chão, ou em buracos móveis travados, de alarme ligado, escurecidos por vidros fumês à luminosidade do dia, às cores do dia, fechados aos ares da manhã, sem vento no rosto, sem tempo para o olhar, ou só para espiá-lo de longe, sem envolvimento, sem o sentir. Espiar... olhares de assalto, olhares não construídos, não sentidos, olhares escombros. Mas, enfim, ficaram as decorativas chaminés que já não lançam nossas fumaças no ar. Mas na aparente inatividade delas, incinera-se o sentimento do belo, o perpassar da eternidade, a vocação das estrelas. Vivemos no tempo do maior estrago da humanidade. A fumaça do homem estragado não vai ao céu, mas pra dentro da terra. Transformar-se-á em gás metano. Pois ele trocou a pureza pelo enxofre, sua materia prima. Enxofre é tudo que o diabo mais gosta. Vive-se, pois, o diabo - o rabudo. Ouvi dizer que o rabo do diabão é do tamano da chaminé Japi. (JRToffanetto)

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