domingo, 22 de novembro de 2015

Uma roseira me disse (JRToffanetto)

No início deste meu "Poemas de Sol" (2011) publiquei "Porque não falei dos espinhos (1) e (2)". O primeiro continua irretocável, mas no segundo revi a forma. Reuni os dois textos na postagem abaixo:



1.
A roseira, por sentir o prelúdio dos seus botões velados, segue em cândida e laboriosa meditação à rosa de quem se diz aprendiz. Dela auscultei o declame aos que se prendem a um botão de rosa. Nela está a metafísica do belo até pelos seus espinhos. Disse-me do Jardineiro, o Mestre da Luz, e me contou uma história fabulosa, só conhecida por ela e o Jardineiro. O Jardineiro é aquele que ensina as  pessoas a retirarem rosas do coração. Quando seus aprendizes o conseguem, tornam-se poetas da rosa, os que as tiram do coração em todo gesto poético. Todos estes são poetas. Quando artistas, poemas escrevem.

Elegantemente, ela se apresentou assim:

- Entre as flores, a rosa é rainha. O Jardineiro é seu consorte. Eu sou filha desse amor divino que todo dia os vê casando-se na luz. 
- - -
2.
Disse a roseira:
A rosa esmagada por uma mão insana mostra quão grandiosa é a força da beleza.

O belo é, em si, a maior defesa. Não precisa de defensores. Gloriosos os que pela rosa estiverem na linha de frente.


Na longa noite escura, íntima da Luz , em delicadeza permanece iluminando-a à luz do dia  através da beleza igual perfeição.

O céu nela se encerra. A escuridão se enrosca num dos seus espinhos.

A Terra precisa da rosa, a rosa não precisa da Terra. A ela vem pela Bondade Maior.

No botão ainda velado está o sol nascente. As flores nascem para a Luz e a ela se dão. 

Seu olor é da intimidade do Cosmo.

Rosa e espinhos emendam céu com terra. Os espinhos voltam-se pra terra e a roseira, através da rosa, dá-se à Luz.

Os espinhos são reminiscência da sarça e dizem ao Homem que ele também está no fogo do espírito: a Beleza, a Perfeição que é maior que a si próprio.


Jairo Ramos Toffanetto

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