Pra quem deseja ir mais a fundo no universo da fotografia, o
livro “A Camara Clara” de Roland Barthes é quase uma iniciação para além do olhar
superficial. Em sua semiótica, o autor abre a fotografia por um olhar que nos
remete ver o nosso. Coloca-nos à frente do juízo de valor ou não valor da
imagem. Remete-nos ao ponto focal da fotografia e o que há de mais objetivo e intrigante
a escapar do olhar apressado ou comum.
Mostra-nos que a verdade está, quase sempre, noutro lugar,
ou em lugar algum, a exemplo das miríades de imagens que diariamente nos
bombardeiam com banalidades. Há um perverso jogo de interesse (financeiro) por
detrás disso, tipo “É isto que vocês querem (precisam) ver? Pois tomem”.
O fato é que para você ver e reconhecer uma imagem, sempre
haverá um conhecimento adjacente ao objeto olhado e que faz única a sua construção do olhar: o saber, e Barthes, com sinceridade, oferece-nos o seu. Mune-nos de elementos e os liga de modo a nos facilitar semelhante e individual empreita.
haverá um conhecimento adjacente ao objeto olhado e que faz única a sua construção do olhar: o saber, e Barthes, com sinceridade, oferece-nos o seu. Mune-nos de elementos e os liga de modo a nos facilitar semelhante e individual empreita.
A construção do olhar dá-se no mais sutil, ou aonde você
sente ou não sente. Se não sente, você descarta a imagem, seja por opção de
escolha ou porque nada vê, ainda. Aí está a diferença entre o aprendizado ou a
interdição dele. Não há um roteiro para o olhar, do contrário ele não seria
livre, aberto para experimentação até transcendente ou recusa. A liberdade não
é gratuita, muito menos ingênua, é algo que se conquista, constrói-se pelo
sentir, e daí o saber.
Enfim, credito importante este contato com o experimento do
olhar em “A Camara Clara” ou, pelo menos, aos interessados não apenas na
decodificação de símbolos, composição, luz... mas na essência da imagem fotográfica
que está muito além do gostar ou não gostar como também do mais elaborado juízo de gosto
estético.
JRToffanetto