domingo, 28 de novembro de 2010

O rei está na barriga

1.

Era uma vez uma distante nação continental que vivia num mundo do faz de conta e, por isto mesmo, não sabia aonde queria chegar.

Originalmente, era um extenso país agrícola e, como ninguém, sabia viver de forma poeticamente lúdica, mas signatários da nação de um certo Tio Sam, foram pra lá propondo ao seu rei que, em vez de ir de bicicleta, sua nação chegaria mais rápido se fosse de automóvel e até deixaram uma limusine com ele. Daí por diante, prevaleceu um antigo provérbio “Se você não sabe aonde quer chegar, qualquer caminho serve”.

Como aquela nação continental ainda era um meninão, foi pega de calças curtas, e o seu sucessor foi um atrapalhado professor de gramática que não soube “por o pingo i”. Um novo rei foi eleito. Conta-se que ele foi deposto quando se recusou a colocar o pingo no “i” do EUAmér“i”ca. Então, um herói de guerra tomou o poder para acabar com a bagunça deste negócio de “pingo no i”. Seu desejo era que aquela nação encontrasse o seu próprio ideário nacional, mas isto era um vôo alto demais e, naquelas alturas, foi abatido em pleno vôo.

Foi assim que nunca mais se ouviu falar de um ideário nacional, a não ser idéias postiças e, até hoje, montado em modernos e velozes carros, não se chega a lugar algum, daí o fato deste conto de fadas não ter um final feliz, mesmo porque nenhum de seus reis conseguiram reinar sobre si mesmos, coisa que a psicanálise explica que se resolve ao fim da adolescência e, não o conseguindo, só reinam para si mesmos, e o resto empurra-se com a barriga, afinal, e rei está na barriga.


Jairo Ramos Toffanetto
P.S.: Preciso de um revisor da ortografia, da sintaxe, e que goste de semântica.

domingo, 21 de novembro de 2010

O chão é de estrelas, mas... Ensaio sobre o poeta e a Poesia _JRT


Poesia não é um privilégio dado aos poetas, mesmo porque muitos destes dela nada sabem, não a sentem. Ela está para além do poema e de todo poeta. O que disto cabe em prosa e verso é arte, a arte de trabalhar idéias essenciais através da ordenção de palavras/símbolos. Um poema, nem de longe é a Poesia. A utilidade dele está em criar um estado de atração para Poesia passar, o que também é prerrogativa de filósofos. Da Poesia, só se expressa o tanto que dela está integrado, então, o poeta é o que escreve, criativamente. Todos nós somos um poema em processo para além da escrita. O chão é de estrelas, mas... quem anda por ele?

© Jairo R. Toffanetto

domingo, 14 de novembro de 2010

Haicais de Guilherme de Almeida




Esta postagem é uma pequena homenagem ao poeta que tocou o meu coração pela sua extrema delicadeza.

Alguns haicais do livro "Poesia Vária" :



INFÂNCIA

Um gosto de amora
comida com sol. A vida
chamava-se "Agora".

TRISTEZA

Por que estás assim,
violeta? Que borboleta
morreu no jardim?

CARIDADE

Desfolha-se a rosa.
Parece até que floresce
O chão cor-de-rosa.

QUIRIRI

Calor. Nos tapetes
tranquilos da noite, os grilos
fincam alfinetes.

AQUELE DIA

Borboleta anil
que um louro alfinete de ouro
espeta em Abril

O texto abaixo foi extraído do internet http://www.kakinet.com/caqui/ga.htm :
Guilherme de Almeida começou a escrever haicais em 1936, ano de seu encontro com o cônsul japonês no Brasil, Kozo Ichige. Em 1937, publicou o artigo Os Meus Haicais, em que sistematizava as suas idéias sobre o que seria o haicai em português: um terceto com 5-7-5 sílabas, dotado de título, sendo que o primeiro verso rima com o terceiro, além de contar com uma rima interna no segundo verso, entre a segunda e a sétima sílabas. Seus haicais foram publicados no livro "Poesia Vária", de 1947. Dada a sua influência sobre outros poetas, pode-se falar de uma escola "guilhermina" dentro do movimento haicaísta brasileiro. Guilherme de Almeida foi um dos fundadores e primeiro presidente da Aliança Cultural Brasil-Japão.

Vejam o artigo Os Meus Haicais no site
http://www.terebess.hu/english/haiku/almeida.html


Jairo Ramos Toffanetto

domingo, 7 de novembro de 2010

República das bananas ou dos bananas?

(Tiririca, o Dep. Federal de maior votação destas eleições,
cujo slogan de campanha foi "Pior do que tá não fica")

No domingo passado, a Dilma se pronunciou como a presidente eleita. Apesar de achar uma chateação qualquer discurso lido, prestei atenção nas suas palavras à nação brasileira, mas não me iludo, palavras não passam de palavras, contudo, como foram palavras estudadas e lidas num momento histórico, afigura-se como um compromisso formal e que poderá ser cobrado, mesmo porque, a menos que eu esteja enganado, ela não apresentou nenhum plano de governo, portanto, vale o discurso, e é só o que temos.

Enfim, ela deu a impressão de que quer, sinceramente governar, mas governar como se ela disse que sempre estará batendo à porta do ex-presidente Lula, e não é para menos, pois como ela poderá lidar com a carranca daqueles que estão implantados na braguilha do chefe, um caudilho, e já viciados a molhar a mão. Ora, ao invés de ir bater a porta daquele, porque ela não abre as portas do palácio a expressões irreprocháveis da sociedade brasileira, como a OAB, e só para dar um exemplo. Sua declaração parece significar que, mais uma vez, não haverá governo do povo, mas do “povoeiro” do PT.

Por outro lado, se tal declaração foi uma terna reverência ao Lula, até parece que ele é um santo. Um anjo cercado de pecadores, e que não teve poder ou coragem de impedir os tais bandidos a se locupletarem às custas do dinheiro do povo, e que foram pegos até com as cuecas na mão. Ou será que foi medo dalguma culpa no cartório? Santo santo, só se for para os que vão na corda do poder. Agora se ele é santo para o povo, é porque este, coitado, ainda está naquela “engana-me que eu gosto”.

É inconteste que o Lula continue no poder. Não foi à toa que os correligionários do partido à frente do palanque da nova presidente gritavam “Lula-Lula-Lula...” Pareceu-me, no mínimo, uma cachorrada, todavia, depois de tanta sordidez com o dinheiro gasto na campanha dela (será se foi dinheiro do povo, heim?), e da perfídia em que ela e o Serra se envolveram quando em campanha, não há dúvida que tal baixaria lhe foi de merecimento, afinal, aclamavam o nome daquele que reinou bem abaixo do que podemos chamar de patamar de civilização. O Lula será lembrado mais pelas baixarias suas e dos espertalhões de plantão em seu governo, do que por um chefe de estado. É inacreditável que ele não tenha se sujado no meio do que fedeu do começo ao fim dos seus oito anos de governo. É este tipo de governo que pôde merecer sucessor?

E o Serra, heim? O campeão do “trololó”, cujo único plano (de vôo) era para as luzes da ribalta, também  fez discursou naquele domingo, e só pisou em sua máscara de “politicamente correto”que já estava no chão e, finalmente, vestiu a cara que o PT tinha antes de entrar no poder e adotar o sorrisinho botox. Trombudo, afigurou-se como o mais forte líder da oposição. Dissesse que faria oposição para o aperfeiçoamento democrático e ganho da nação, ainda que não desse para se acreditar, revelaria, pelo menos, algum tamanho. Não, não teve tamanho para, ainda que de passagem, saudar a nossa (também a dele)  nova chefe de estado. Uma gafe imperdoável. Além de rei do trololó, tomou o cetro do rei da gafe, o virtual sucessor do Lula. A tendência é de lhe crescer o bico tucanês que se preze e, assim, comportar o tamanho da língua, sua ferramenta de trabalho.

O Serra aparenta querer que o governo da Presidente Dilma vá pro fundo do poço, pois assim ele poderá ascender mais facilmente ao poder. É o que dá para depreender dos seus gestos, e até pela falta deles. O amor que o Serra tem pelo poder é grande pra cachorro, e nisto, ele não é diferente da Dilma ou de qualquer outro político. Que tal o Serra começar sua propalada oposição ao Partido dos Trabalhadores buscando, através do PSDB, a valorização daqueles que trabalham e lutam por uma vida mais digna e justa e, depois, se novamente candidato, apresentar novas e justas conquistas?

Torço para que a presidente Dilma reveja os seus conceitos, tenha força própria para governar esta nação, e que entre para a história não como a primeira presidente mulher deste país, mas como a estadista de que a nação precisa.

Jairo Ramos Toffanetto