domingo, 27 de fevereiro de 2011

Poesia é Luz, o Belo decorre

A arte decorre

A poesia é  luz que passa por você e segue adiante.

Dadivosa, como ela é, sempre vem acompanhada de um presente, um dom para a vida.

Se a tua alma estiver quente e úmida do sentimento que dá sim para a vida, ouvirá um trovão distante a lhe anunciar o arco-íris.

Quando a alma está muito úmida, o arco celeste estará duplicado.

Todo arco-íris vem do além linha do horizonte.

Os antigos diziam que nas bases do arco-íris - a que toca a terra - há um pote de ouro, esperando aqueles que podem alcançá-los.

O ouro é a vida, uma quinta essência.

Tudo é fenômeno, e o que não for é parecido com a morte. Morte enquanto anti-vida.

A morte é um fenômeno. Sendo fenômeno, também é um presente.

Quem tem medo da morte tem medo da vida.

Quem canta a vida passa pela morte cantando.

A poesia vai passando e deixando um presente.

O presente é o que você pôde fazer com a luz que segue adiante.

O resultante do que se pôde integrar é o presente que você oferece à vida, uma retribuição à Luz.

A vida é um altar de oferendas.

A arte é um sacerdócio da luz. O artista é seu instrumento, um cristal por onde a luz passa e segue adiante.

Sem conduta filosófica esta luz não passa. Um estado poético filosófico, Harmonia Cósmica.

O Caminho vem da Harmonia. Viemos para pegar o caminho de volta para a Luz. De volta para a casa do Pai.

A porta de entrada ainda está aberta.

Sem luz não há Poesia. Dar-se como Poesia é presente para a Luz que passa. Uma reverência em razão do quanto se pôde dela integrar.

Poesia é luz, a arte decorre.

Jairo Ramos Toffanetto

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Minha doença sem cura


Op. 301

"Outono"

No degrau da porta,

aviso de inverno inscrito

numa folha morta

©


       Depois de cumprimentar o Dr. Madureira, fui para a balança e ele me fez a costumeira pergunta que sempre nos rendeu uma rápida, boa e descontraída conversa:
       - Você está escrevendo, Jairo?
       Respondi notificando-lhe o meu peso:
       - Setenta e nove quilos, doutor.
       Este fato ocorreu no outono, ano passado. Vale dizer que uma vez por ano eu passo neste consultório para saber o resultado de um exame que pode revelar a presença do vírus da Hepatite “C”.

(Imagem extraída da internet e por mim reeditada para esta postagem.)

       Ia sentando-me à sua frente quando ele, com os meus exames sobre a mesa, comunicou-me o que eu já esperava:
       - Jairo, exame negativado pela terceira vez. Num total de cinco, tudo indica que você está curado.
       Virou-se para o computador e, atualizando meus dados, perguntou-me se eu ainda estava escrevendo. Dei-lhe a resposta descontraída de sempre, afinal, o que menos desejo é tomar o tempo de um médico umuno-infectologista que faz um trabalho tão bonito quanto vital para a vida de seus pacientes.
       - Doutor, escrever é a minha doença para a qual não procuro cura.
       Desta vez ele não sorriu. Sentindo-o merecedor de eu avançar na resposta, e também por respeito, acrescentei:
       - No que você cantou meu número de chamada, uma folha de outono caíra na soleira da porta dos fundos. Um haicai à espera de composição ficou lá, largado, envenenando-me o espírito. Compô-lo é uma forma de eu reverenciar aquele movimento da natureza e, para mim, através do incidente, atender a natureza do meu espírito, ou seja, dar forma à integração ali ocorrida através de imagens poéticas.
       Ele havia terminado de inserir meus novos dados em seu compudador, os quais também lhe dá elementos para estatísticas. Virou-se para mim e permaneceu olhando-me em silêncio. Continuei a lhe falar
       - Assim como as pessoas procuram sentir o cheiro de uma flor através da imagem que lhes abrem os sentidos, com o haicai, as imagens que cada um pode criar para além da escrita está à semelhança da flor. Sentir o aroma da flor é trazer a essência dela para dentro, no haicai, o estado de beleza criado co-partícipe.
       Depois de ele me marcar mais um exame, lembro-me de me despedir assim:
       - Esta é a minha doença: puro contágio, doutor.
       Na sala de espera compus o haicai acima escrito, e seguindo a forma literária deixada por Guilherme de Almeida *. Agora, em três de março, tenho consulta marcada com ele às sete horas da manhâ, e quando lhe levarei o haicai então composto.

* Veja a fórmula:
http://www.terebess.hu/english/haiku/almeida.html



Jairo Ramos Toffanetto

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Haicai n.o 2

Op.02
Eterna alma voa
no sonho das estrelas
feito com terra
Amigos,
AGUARDEM
próximas postagens:

"Minha doença sem cura"
“Eu e o Dr. Ramos”

“A resposta do Dr. Ramos”:
“Os Reméidios do Dr. Ramos”

Jairo Ramos Toffanetto

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O amor incondicional



Toda expressão de amor resulta em beleza.

Beleza que perspassa pureza, o belo,

o transcendente, o encantador.

Amar mais e mais, sempre mais.

Amar até um dia, para sempre,

incorporarmo-nos no Belo.

Eis a magia do Amor e o seu ideal:

a Bondade.

Jairo Ramos Toffanetto

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Versos Ipsis Verbis

Sempre acordo com o compromisso de criar e, desde logo, ponho-me em pé. Pelo fato da mente e o dia estarem limpos ao amanhecer , fica fácil para me antenar com o que há de disponível a laborar. Algo se encaixa no intercurso de fazer um café e com ele subir ao terraço.

Com a xícara de café já à mão, voltei para o quarto e dei mais uma olhadinha na cama. Chegando ao terraço com a imagem da minha mulher em meu espírito, veio-me um sentimento em versos ipsis verbis:

Do-çura manhã,

tão leve... leva-me!

ternuríssima!

Em tempo:
Esta é uma homenagem ao aniversário de Maria Regina Bravo Toffanetto, transcorrido no dia três de fevereiro. O fato acima narrado tem alguns anos e, assim como o poema, foram ipsis transcritos.

Jairo Ramos Toffanetto