sexta-feira, 20 de novembro de 2020

A garça-branca, Ensaio _JRToffanetto

 GoogleImagens(papel de parede)

Meu mundo

 era um jardim florido onde colhia haicais e outros poemas. Grafava-os em tiras de papel ou em sobras encontradas pelo caminho. No bolso, caneta ou pequeno lápis. Eles ainda estão por lá quais flores em canteiros,

mas as tiras voaram pra longe.

Esperando que voltassem, outro dia vi uma folha de papel sulfite em branco solta no ar, voando e planando rente ao Rio Jundiaí. Não uso papel deste tamanho pra rápidas anotações. Era uma garça-branca.

Na margem oposta,

 esperando que ela pousasse, estendi-lhe meu braço oferecendo-lhe pouso. Ela aportou longe dali. Sem me sentir excluído por tais dádivas,  fui o rio e suas margens, a garça,  a brisa em que ela voara.  E eu não mais era eu, era só um poeta sem tiras de papel em branco pra registro de emoções, ideias em resgate da natureza campestre sem conflito citadino, urbano, dentro do peito pulsante por pertencimento.

Aos que me acham poeta delirante,

digo que a manhã chuvosa de hoje só existe porque eu e vocês existem. Mas.. oh, assim como as tiras de papel , aquela garça voou com meus olhos, escapou-me com o coração, abrigou-se na copa da árvore mais alta.

Antes que delirante,

sou um poeta úmido de chuva a correr por regatos ao rio, pras grandes águas. Tão úmido sou que mal consigo acender um cigarro antes que ele se molhe. 

Só me faltou dizer que, como nas flores,

  nas asas da garça escrito o mais recente poema. Não sou eu quem o assina, mas o instrumento destas poéticas. Em voo, só a garça sabe aonde chegar com ele.  Assim posto, podem me chamar de poeta se bem me entendem.?.   JRToffanetto

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