Encharcando-me aos ossos
_JRToffanetto
Escrevo sob a luz de todas as estrelas
Todas na estrela Sol, em cada raio, cada verso.
Bilhões de estrelas e galáxias, lápis e papel
Um raio dessa luz escreve-me sem fim, fito-o
O essencial a furar a brevidade do tempo ao longo,
a temperatura humana ambiente hoje resultante
Disponíveis ao presente, decalco-as por caligrafia
Sou o lápis, o instrumento, o papel, o canto.
Sentires a amainar em brisas tempo de vento forte
Vibram canoros, versejo-os do último trovão rumorejante
O mais longínquo sussurro, a última voz em barítono emudece
Das nuvens flamejantes trazidas ao travesseiro
Ribombo planta-me os joelhos. Levanto-me pra um café.
Do fogo à forma, apago palito de fósforo
Ponto final em elipse, viajor por Ômega passando
Nem durmo, vivo porque sonho do sonho
a sós com a última gota do meu sangue
Abro o olho para ver do ponto na curva do tempo espaço
Arrulho eu do telhado da casa pequena, o ponto não se desfaz
com a suma poética mais uma vez encharcando-me aos ossos
sovo a massa do pão, levo-o ao forno até a forma,
por uma fatia, sempre generosa pra mim,
e que não só pra mim. Divido-o em grande naco de versos,
neste, um quarto de cento, creio eu, não faço conta.
_JRToffanetto