domingo, 31 de janeiro de 2021

Encharcando-me aos ossos _JRToffanetto

Encharcando-me aos ossos 

_JRToffanetto

Escrevo sob a luz de todas as estrelas

Todas na estrela Sol, em cada raio, cada verso.

Bilhões de estrelas e galáxias, lápis e papel

Um raio dessa luz escreve-me sem fim, fito-o

O essencial a furar a brevidade do tempo ao longo,

a temperatura humana ambiente hoje resultante

Disponíveis ao presente, decalco-as por caligrafia

Sou o lápis, o instrumento, o papel, o canto.  

Sentires a amainar em brisas tempo de vento forte

Vibram canoros, versejo-os do último  trovão rumorejante

O mais longínquo sussurro, a última voz em barítono emudece 

Das nuvens flamejantes trazidas ao travesseiro  

Ribombo planta-me os joelhos. Levanto-me pra um café. 

Do fogo à forma, apago palito de fósforo

Ponto final em elipse, viajor por Ômega passando

A tempestade partiu sem dizer adeus

Nem durmo, vivo porque sonho do sonho

a sós com a última gota do meu sangue

 Abro o olho para ver do ponto na curva do tempo espaço

Arrulho eu do telhado da casa pequena, o ponto não se desfaz

com a suma poética mais uma vez encharcando-me aos ossos

sovo a massa do pão, levo-o ao forno até a forma,

por uma fatia, sempre generosa pra mim,

e que não só pra mim. Divido-o em grande naco de versos,

neste, um quarto de cento, creio eu, não faço conta.

_JRToffanetto

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