sábado, 23 de abril de 2022

Speran'Deus/Fotopoema crônico "Mais eu não conto" _JRToffanetto/Texto e fotografia


Mais eu não conto

Atravessa-se pontes e viadutos. 
O ponto de partida é o mesmo de chegada:
- Bom dia. Fulano
- Sicrano, que bom te ver por aqui!
- Aparece lá em casa!
Bem lembrado, também estou com pressa.
Dias destes nos veremos na subida ou na decida.

Tchau pra lá, tchau pra cá...  
Por fim, dão de costas.
Seguem desconectando-se de si mesmos, 
do meio presente, do dia após dia.
Auto isolados, ainda afetos às antigas ilusões,
Coisas mal resolvidas às costas só se alargavam.
 
Desde tempos remotos, vidas doídas 
Olhos cansados,  pálpebras pesadasvidas sofridas,

Dias adiante, reencontraram-se na Ponte.
Olho no olho 
Relâmpagos esquivos, claridade sem brilho.
 Sem ter pra  onde ir, ajudam-se pela escuridão da travessia. Nunca mais foram vistos. 
Conta-se que chegaram a lugar algum,
e que ainda estão por lá. Mais eu não conto.

JRToffanetto

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