(...) isso que estamos vendo pela primeira vez, já havíamos visto antes. E à surpresa segue-se a nostalgia. Parece que nos recordamos e quereríamos voltar para lá, para esse lugar onde as coisas são sempre assim, banhadas por uma luz antiquíssima e ao mesmo tempo acabada de nascer.(Octávio Paz)
A "nostalgia" do poeta... é de nos perguntar quem somos, de onde viemos, pra que vamos, e pra onde vamos (se é que vamos). (JRT)
Eu estava perto
de um buraco de formiga. Chegando com um pão duro, meu pai, Sr. Orlando, senta-se
ao chão e me convida fazer o mesmo. Então, disse-me ele:
- Com um dos dedos esfregue o miolo do pão. Achei fantástico ver um exército de formiguinhas carregando
aquelas diminutas migalhas até a casinha delas.
Ele me levou vê-las com dois olhos: Um, do tempo que passa - até não restar nenhum pãozinho ao
rés do chão; outro, com os olhos que sente, que aprende através de um ponto tão fora quanto dentro, a paciência
Foi assim que ele me
falou construindo uma delicada imagem poética filosófica, por mim só inteiramente descodificada trocentos anos depois, e tudo a mostrar o trabalho conjunto das formigas, e mais, dialogando com meu sentir, levou-me ao mundo externo do ser humano e seu fazer, o trabalho. O seu modo expontâneo, seu falar modulado com o carinho, com a beleza da pureza a caber qual sementinha no meu eu menino. _JRToffanetto
Desde menino, uma folha em branco sempre me desafiou. Nela,
meus primeiros riscos com lápis de cor. O acontecimento da descoberta.
Sempre
ando com tiras de papel em branco no bolso. Ontem à noitinha, só por ajuste à sensação
térmico presente deixei a jaqueta por um paletó. Num dos seus bolsos descubro
uma destas tiras, fiquei branco.
Lembro-me bem. Trabalhava e morava sozinho em S.Paulo. Ouvir Don't Ask My Neighbor a qualquer hora do dia ou da noite, tinha tudo haver com rodar a cidade de carro. Mui bela São Paulo de perfil Jazz&Blues e também Soul Music.
Não há uma única estrela sem importância, nem mesmo você,
criaturas que somos na grande massa escura. Ninguém passa ileso sob a abóbada
celeste. Para além de si próprios (matéria), o desejo de se religar às estrelas
e para além delas. Alcance-se. Ausculte-se. Lance-se. (JRToffanetto)
"Leyenda de un marinero"
de Ricardo Mazó (poeta paraguayo)
Nació una vez en la ribera
del Paraguay ancho y sereno
Curtió sus manos y aguzó sus ojos
buscando en el agua su sustento.
A veces la tormenta
batió su barca y cauteló su cuerpo
pero siempre
volvió a la vera de su padre río
con la faz de su Virgen en el pecho.
Llegole el tiempo de dejar su playa,
su rancho, su barca y su poniente
monótono de palmas.
(La Patria quiere que el hijo la conozca,
la sirva, la respete
y aprenda a defenderla).
Un barco armado, gris, ligero
fue su pan, su techo y su cuidado.
Al poco tiempo, por el río abajo
vio costas nuevas, ciudades populosas
y máquinas extrañas.
Llegó hasta el mar, moreno de su río,
con los ojos quemados de nostalgia
y la fe de su tierra como abrigo.
El mar, huraño y receloso
no quiso ser su amigo
y en las costas de Santa Catalina
soltó su furia y lo arrastró en sus brazos.
(Mas la santa de Lima que en agosto nombra
la tormenta que bate aquellas costas
miró su escapulario y lo llevó a la orilla).
Marinero de río, ribereño
del Paraguay tranquilo,
salobre arena como ropa fina
nació otra vez sobre la arena tibia.
Y al terminar octubre, allende cerros,
la Virgen Azul tuvo de ofrenda
una concha de nácar, fe de perla
de aquel hijo del río paraguayo
que al llegar hasta el mar nació de nuevo.
Celular na mesa de um café no SESC Pinheiros. Um repente luz
contra a parede. Uma imagem se abre. Coisa de segundos. O bastante para sacar o
celular e “clique-te” e pronto. A cortina se fecha. Um achado, um presente, um
encaixe preciso, um disparo fotográfico. A atenta desatenção, o movimento fugaz,
o estar pronto. Quer melhor descrição para a inspiração, o movimento, a
fisiologia do fazer artístico, o estar aberto (preparado) para todas as
possibilidades, o novo? Esse é meu filho, Yuri(Ulrich)N.Toffanetto e seu inconteste
“feeling”. (JRToffanetto)
Afora o registro fotográfico incomum, único, do meu amigo Juarez Silva, uma reverência para com a natureza, a vida. Uma delicadeza ao olhar do sentir. (JRToffanetto)
O Yuri vive, pensa, age e se comunica artisticamente, performaticamente como na foto abaixo. Pois em um supermercado me surpreendo com ele de frente ao caixa com uma revista por ele virada de cabeça pra baixo. Disse-me ele "Fotografe", e "cada um que tire suas próprias conclusões.
Quanto a mim, não sei do conteúdo daquela matéria de capa com o Juiz Sérgio Moro. Sei que a Procuradoria Geral da República retirou da eficiente Polícia Federal a investigação do caso de ladroagem conhecido como "Lava-Jato" .
Não creio que o maior protesto na Avenida Paulista seria tão hígido e com tanta força de expressão quanto. A arte tem destas coisas, não machuca ninguém mas... como bate forte.
Nasci em S.Paulo (1954). Resido em Jundiaí(SP). Sou líder de treinamento corporativo. Toda minha vida profissional foi dedicada a buscar no indivíduo a inclinação favorável para o seu desenvolvimento pessoal, profissional e social. Procuro ser útil no ponto em que o meio mais precisa.
Na minha vida pessoal, sou escritor e também realizo várias incursões no mundo das artes e, assim como no trabalho, sempre na intenção da construção de um mundo bem melhor.