Jundiaí Quadrinhos 154
Sempre admirei o voo planado dos abutres, desde criança.
Eu e meus amiguinhos deitávamos no chão de barriga pra cima vendo-os em altura muito maior que a dos aviões que passavam . Um de nós, de repente gritava:
- Bate... as asas pra mim... Assim fazíamos um depois do outro.Todos gritavam de satisfação se calhasse do abutre bater as asas. E quem fez o pedido tinha o direito de outra chamada. Quando o pedido era atendido, percorria-nos o sentimento de ser tocado pelos auspícios.
Nada sabíamos da sua necrofilia ou da mística que os envolvem. Pra mim prevalece as imagens da minha infância, seu admirável voo, das alturas em que voam, e por serem aves portentosas.
Embora eu já os tenha fotografado com relativo sucesso, ao ver a composição em que estavam só me restou registrá-los. Foi como se tivessem batido as asas pra mim. (JRToffanetto)
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