Entendo hoje este poema pelo subliminar contrário, os insensíveis pássaros grandes e sem asas. A realidade para estes é dura. O pesado saco de milho que carregam nas costas, daí sua intolerância para com aqueles que, fiéis à sua natureza, voam e cantam aonde, quando e como quiserem. Para eles, melhor seria que voassem para longe pois são incapazes de suportá-los. Como se atrevem ser canoros e felizes se eu não sou, e com sua poética de vida invadir minha privacidade, meus ouvidos? Não sei se Robert Frost passou por isto, mas que ele sabia que assim era, ah! ele sabia. Pois então, com extrema delicadeza e paciência, compreendendo os limites dos outros, coloca-se como "pássaro menor" o passarinho, o poeta, e de modo tão simples, quase coloquial. Creio eu que os "pássaros grandes e tenebrosos" até hoje não compreenderam a sutileza desta metáfora:
Pássaro Menor
_Robert Frost
Quis, de fato, que o pássaro voasse
E próximo ao meu lar não mais cantasse
Cheguei à porta para afugentá-lo,
Por sentir-me incapaz de suportá-lo
Penso que a inteira culpa fosse minha,
E não do pássaro ou da voz que tinha.
O erro estava, decerto, na aflição
E querer silenciar uma canção.
(Tradução de Renato Suttana)
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