quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Conheci a flor sabendo da dor _JRToffanetto

 1 Conheci a flor sabendo da dor

Vinha com o vento aprendendo nos seus interstícios

Tranco a porta pra que fique fora o que estava dentro

Foi com o vento que, por tudo, aprendi partir do vazio

Voei sem asas sobre minha cabeça

Dos temporais, venho do silêncio dos trovões

Digo de onde não hão palavras, só o sentido

Sei de onde não mais me lembro. Sei da dor da flor

Fui muito pouco oco

Circunstâncias não criam asas

Vim andando sem chão pra pisar

por amar o Caminho, aprendi remar 

Distante dos azedumes, gosto de palavras grelhadas

Escrevo do nada escrito nem sabido

Gosto de palavras crocantes

3. Tudo que aprendi, aprendi de um presente

Um presente da Bondade, perfume

Da intimidade íntima do Sem Fim

Do nada apresentando-se-me

Emociona-me ver o que sinto

Ouço o silêncio do ruído ao limite da dor

4. Um dia fui o espinho de mim

Ainda sou aprendiz e...

e ninguém me arrasta ao seu próprio despenhadeiro

Tenho aonde chegar, nunca vou sozinho.

Meu coração é do imorredouro, vaso cheio de rosas

Botões em desabrocho sobre hastes de espinhos 

Nunca mais fui o espinho de mim.

JRToffanetto

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