sábado, 9 de outubro de 2010

Há uma borboleta em cada mariposa




Enquanto cativos da escuridão e portadores de raiva, nenhum morcego conhecerá o sabor das borboletas porque estas vivem na radiação luminosa. Se as cores da poesia sinalizam grave indigestão – algumas espécies de borboletas também vagam na noite escura. Por temerem o arco-íris, cativos da escuridão acreditam que as belas borboletas lhes envenenem o sangue, alterando sua natureza.

Pois caçam mariposas por causa da atração destas por radiação luminosa. Mariposas preferem queimar-se na lâmpada ou morrerem exaustas tentando entrar no globo do que cair nas garras de cavernosos disseminadores da raiva, ainda que imunes a ela, não permitem que lhes machuquem o eu.

Enfim, em ensolaradas montanhas nasce uma borboleta para cada mariposa que escapa da boca das trevas ou tomba tentando passar para a luz. É de lá que elas vem até à cidade para nossos olhos se encontrarem com elas.

Jairo Ramos Toffanetto

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