Pessoa tanto sentia a outra pessoa que se repessoava nela. Como bom português que era, Fernando tinha muito a velejar de sua cadeira diante da mesinha. Detinha-se apenas o bastante em cada porto ou só até incorporar o continente. Sua cadeira, vazia de si mesmo, era uma nau onde tudo cabia enquanto essência. Vivia em profundidade oceânica e, neste caldo original, paria-se rente à pele, sem esforço. “Criar é preciso”, disse ele. Hipócritas ou fingidores são estéreis, pastam o desamor na dimensão dos desalmados.
© Jairo Ramos Toffanetto
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