Maria e João de Barro estão na varanda de seu apartamento construído na cidade. Olham as edificações em redor enquanto cantam dizendo que o homem é um bicho iluminado por os rivalizarem em engenhosidade. No verão eles voltarão para sua casa de campo, isto é, caso o bicho homem não a tenha cortado junto às raízes.
A imagem acima se parece com brincadeira de crianças mas não é, ou apenas no olhar de quem vê, olhar de pura admiração. Aliás, a associação com o "lego" (jogo com peças de montar) me ocorreu depois da primeira vista, igual uma festa para os olhos.
Enfim, a imagem é a de um novo condomínio no bairro da Ponte São João, junto de um dos pontos de maior estrangulamento de trânsito de veículos da cidade, e onde o ruído só diminui depois da meia-noite, pois já às quatro horas da manhã começa a circulaçãio de ônibus para as fábricas, depois seguem os inter-bairros a partir das cinco horas.
As crianças não fazem tanto estrago quanto se pensa, e os adultos o fazem por que pensam, e pensam errado. Nada avaliam a não ser o dinheiro que podem ganhar a cada oportunidade.
Escrevo isto tudo para que a imagem completa do condomínio seja vista por último:
As 08:30 h de hoje
A "Jund-Lego" se parece bonita na foto, mas não é. A propósito, está mais para "Pombal" que para qualquer outra coisa, mas como de tudo se pode extrair uma lição... então que ela seja para os olhos, afinal, as pessoas ainda precisam morar engaioladas, engavetadas deste jeito.
OBS.: esta imagem só é possível pela obliquosidade do sol de outono-inverno;
Sentado à espera de atendimento ouço uma funcionária do local cantoralando "Porque a girafa estica o pescoço?"
Pensei: a girafa estica o pescoço para aquilo que mais lhe apetece: folhas tenras.
Dá pra imaginar se partes do corpo humano se esticasse pelo que mais lhe apetece? Daria para saber das pessoas pelo crescimento desmensurado das partes onde elas põe mais atenção. Conheceríamo-las pelo traçado físico:
> Um físico, p.ex., teria um crânio tão exageradamente grande que para se manter ereto teria que andar com um balão de oxigênio guindando a cabeça. > Muita gente teria um rabo tão enorme que precisariam de uma carretinha para o puxar. > Os invejosos andariam de olhos vendados como tratamento contra a obesidade ocular. > Os fofoqueiros que vivem botando o bico na vida dos outros, logo logo estariam cacarejando como galinhas. > Esporões cresceriam nos tornozelos dos valentões, dos altercadores, dos beligerantes, e outros seriam contemplados com grandes focinhos cheios de dentes potiagudos. > Tem gente que no crânio se desenvolveria etiquetas da moda. > Outros teriam a cara de gafanhoto. Não esconderiam a ameaça de praga que são na vida das pessoas. > Sem falar dos dóceis pibull(s), tem muito bicho do mato com cara de gente.
Por falar em feições de bicho, não faltariam caras de serpente, de fuinha, de chupinha, de ratos... e no meio de tanta bicharada deste singular habitat, fica fácil verificar a explosão demográfica de camaleões e caras de pau. Pelos quatro cantos do planeta a fauna abunda e abunda a sociedade animália.
Enfim. para o que você estica o pescoço?
Jairo Ramos Toffanetto
Nota:
Reedição da postagem "Vivemos num simba-safari" de 28.02,2012
Um disco tão belo como este só pode se repetir com o próprio Renaissence, o qual, oportunamente, estarei postando neste meu blog. "At The Harbour" sempre me foi como um hino, o mais belo de todos.
Renaissance - from the album "Ashes Are Burning" (1973)
- Annie Haslam / lead vocals - Jon Camp / bass, vocals - Terrence Sullivan / drums, percussion, backing vocals - John Tout / keyboards, backing vocals - - Michael Dunford / acoustic guitar
Andy Powell from Wishbone Ash played the magnificent solo in "Ashes Are Burning". Masterpiece !
Para comemorar meu aniversário (58) com os amigos, seguem algumas fotos inéditas da cidade de Jundiaí que ontem pude, com exclusividade, fotografar em homenagem a ela, afinal, amo-a desde criancinha quando por aqui cheguei e fiquei.
São fotos digitais, sem alta definição ou pretensão, mas um registro importante para mim, afinal o ritmo das mudanças que acompanham o avistado é célere, digamos assim: do dia para noite. Em contrapartida, a Serra do Japi, p.ex., ficou como está desde o desdobramento geológico sobre antigo mar raso a milhares de anos atrás. Sobreviveu ao séc. XX às duras penas, e mesmo como o Tombamento Ecológico e Paisagístico (1983) vem sofrendo duros ataques. Obs.: a fundação de Jundiaí foi em 1615, ou seja, cento e quinze anos após o descobrimento do Brasil.
Enfim, as fotos seguem compondo a panorâmica avistada, uma depois da outra, do sul para o oeste até o norte.
(clique numa foto para vê-nas no modo ampliado)
Ao fundo, do lado esquerdo, o Morro do Mursa.
Vila Progresso em primeiro plano e a estrada de ferro em baixo.
No contorno do horizonte, o iníco da Serra do Japi
Igreja N.S.da Conceição ao centro do bairro da Vila Arens.
Vila Arens do lado esquerdo e Jd. Bonfiglioli no alto.
Do lado direito, o início do centro velho e, ao fundo, o Anhangabaú.
No centro, os fundos do Theatro Polytheama.
No contorno ao fundo, o térnino da Serra do Japi vista pela cidade.
O centro velho estendendo-se até à Vila Municipal
No canto inferior à direita, o viaduto da V. Rio Branco
A Prefeitura no centro à esquerda (acima do morro)
Notas:
1. Horário da fotografagem: por volta das 10:00 h,
obviamente não foi o melhor horário de iluminação.
2. Assim que eu encontrar, estarei postando uma panorãmica
da cidade feita em 1975 através de três fotos emendadas. A
transformação, desde então, foi muito grande.
3. Às minhas costas há uma outra cidade de mesma densidade
Pessoa tanto sentia a outra pessoa que se repessoava nela.
Como bom português que era, Fernando tinha muito a velejar de sua cadeira diante da mesinha. Detinha-se apenas o bastante em cada porto ou só até incorporar o continente. Sua cadeira, vazia de si mesmo, era uma nau onde tudo cabia enquanto essência. Vivia em profundidade oceânica e, neste caldo original, paria-se rente à pele, sem esforço. “Criar é preciso”, disse ele com a precisão de sua individuação auto multiplicadora.
Hipócritas ou fingidores são estéreis, pastam o desamor na dimensão dos desalmados aonde acreditam estar.
A nossa dimensão é a da conjugação terrena do verbo presente do infinito: o estar em permanente reformulação.
Aparentemente nada, mas pra quem está olhando o céu...
A composição de núvens é bela. Uma festa para os olhos, mas...
Algum "panaca" encheu uma grande bexiga com gaz hélio e a soltou...
...para se rivalizar com a beleza do Criador. Ele nem sabe mas a feia bexiga pode cair na Serra do Japi e, talvez, a última onça pintada pode querer comê-la. Morrerá sufocada ao lado de seus indefesos filhotes. Se não bastassem os balões a representar risco de fogo na mata e tantos outros acidentes sinustruosos pelas cidades em torno...
Finado toda forma de vida no planeta, a última folha de árvore a cair emitiria um som musical: a nota “lá”. Se pudéssemos sentir o rastro de luz deixado por esta folhinha...
ouviríamos uma sinfonia, e não a do fim do mundo, mas a do Belo.
Foto tirada na passagem por uma moderna avenida da cidade de Itatiba/SP
O Brasil tem várias faces, uma delas é a da bodega, sinônimo de espelunca.
O cachorro deitado em frente da porta caracteriza o ambiente de higiene do local. Ele está à espera de que o bar abra para, depois de chacoalhar as pulgas, quem sabe lhe atirem uma mortadela, talvez um pedacinho de lingüiça, sobras do que os habitués de botequim comem acompanhando o aguardente, a "pinga", a "cana brava", a "branquinha", a "água que passarinho não bebe", a "mardita".
Quanto aos homens que ali estão parados na fria manhã de inverno à porta de um bar? Ah, devem ter parado só pra conversarem sobre o campeonato brasileiro de futebol, depois seguirão para mais um dia de trabalho.
A capacidade de o surpreender, e de modo não convencional, é o que faz o marketing de impacto ao colocar uma mensagem de consumo em voce, carimbando-lhe uma marca. Bastam imagens. Basta a criatividade. O mínimo estímulo para com a marca e o maior retorno com ganho cada vez maior do mercado. Pois eu, do outro lado do atlântico, estou, a propósido da ação de uma marca, discorrendo sobre ela e a reapresentando, e outros, de difetentes modos, por tantos outros caminhos tecno-virtuais.
Creio que as pessoas que passavam por esta rua em Berlim "sentiram-se" privilegidas por aquele momento, logo, a marca em destaque ganhou espaço dentro delas. Um malabarismo, enquanto sacada, a fazer inveja a qualquer circo do mundo.
Se a realidade virtual pode ser definida como conceitual, e como o conceitual é do âmbito cerebral, ela é uma realidade destituída da matéria, pois abre nos indivíduos o campo da ação abstrada (mente) aonde se cria uma inclinação favorável para com as imagens e, subliminarmente, induz a escolha por ela.
Cada vez mais, o objeto é visto pela idéia criativa antes que seu benefício. A arte da expressão visual e/ou emocional vem antes da escolha que o indivíduo possa fazer. O abstrato avulta antes do prático, antes da dimensão daquilo que pode ser tocado;
O mundo das idéias e a arte criativa que as funde vem primeiro. O poder da criatividade e a sua arte prevalece sobre o poder da matéria. A comunicação de idéias ganha espaço pelo seu valor criativo e, de tabela, sobreleva o objeto em si. Não é de hoje que o poder mental, abstrato, está na frente do poder da matéria. Pois um mínimo investimento neste marketing de impácto em uma das ruas de Berlim (2010), e eu, dois anos depois, vejo-o por e-mail e, assim, a sua difusão prossegue - permanece.
Enfim, o mundo da mente é uma realidade cada vez maior na vida de todos, por todo o planeta, e apontam mudanças muito mais extraordinárias que no comum se imagina. Avizinhamo-nos a uma era espiritual, e esta, para muitos, já-agora, é uma realidade.
O poeta é como pescador, pesca se tem peixe ou... paciência. Poetas surdos à gritaria dos peixes usam anzóis, são terríveis. Mau poeta só puxa sapato velho do fundo do lago. Poeta com aguardente em beira de rio é pinguço. Os que jogam a rede cheiram a peixe. Quanto a mim, faço como os meninos de antigamente: vou bater peneira no córgo. O que pego deixo em bacia com água. Se não der uma boa pratada, despejo a bacia, volto amanhã. Isto dá certo porque sempre pesco pra todo mundo.
Esta história do "passa lá em casa" sempre vem ao final do encontro de amigos ou conhecidos, e depois de calorosos abraços. Sugere a vontade de prolongar a satisfação do encontro, quase uma jura de amor eterno. Um exercício da simpatia em meio à chamada dos compromissos a saldar. Faz parte de um conjunto de delicadezas humanizantes, pois relevam valores no outro, colocando-o "pra cima": "Que bom te ver." "Estou feliz por te reencontrar." "Tudo azul com você?"
Dia destes vi duas pessoas se encontrando na rua.
- Oi "fulana", que bom te ver... passa lá casa pra gente conversar um pouco. "Beijinho-beijinho-thau-thau". Assim ocorreu, e o "sicrano" escapou em passos largos. Nem deu tempo pra outra pessoa dizer nada, só "oi" e pronto, foi despachada, "deletada" com a mesma rapidez de um clique no teclado do computador.
Subliminarmente ele disse ao outro com o tal "Passa lá em casa": "Você me atrapalha, não me enrosque, não me grude, porque não vou perder meu tempo com você, e se passar lá em casa estarei apenas virtualmente e te garanto: com pressa para sair."
Era o que ele gostaria de dizer e, do mesmo modo, a maioria que usam o "passa lá em casa" depoois dos os tapinhas nas costas.
E se a pessoa encontrada fosse o último ser humano vivo no planeta?
Mais que uma banda britânica de rock, Wishbone Ash foi um dos grupos musicais mais líricos de todos os tempos, especialmente na década de setenta e meados da de oitenta. As duas faixas aqui reunidas são do disco "Argus".
Warrior (Tradução)
Estou saindo em busca de algo novo
Deixando tudo que eu já conhecia.
Cem anos no sol,
Não tem me ensinado tudo que preciso saber.
Eles foram uma das primeiras bandas a usar guitarras gêmeas.
Somos pó das estrelas.
Barro é a união de pó a pó.
Pó que estava isolado,
disperso em poeira,
agora umedecido
pelo sentimento do eterno
em gênese criativa
A matéria prima do poeta,
para além do pó das estrelas,
é este sentimento úmido,
sem ele, antes que pés de barro,
terá pés de vento
desde os miolos.
Por ser uma obra de arte, ela não poderia deixar de nos apresentar um desafio, um convite: o processo da leitura de si mesmo, ou: Até onde conseguinos nos ler? Foi o que senti ao vê-la sobre a mesa do Dr. Medina.
Comecei com tinta a óleo sobre tela em 1977 e sem ter passado por nenhuma escolinha de pintura. Comecei assinando Oriaj Toffanetto ("Oriaj" é Jairo de trás pra frente) para, depois, como JRToffanetto.
Escreveu Roberto Moura: "Um momento musical que honra a cultura brasileira" Retratos (4 movimentos):
1. Pixinguinha (choro)
2. Ernesto Nazareth (valsa)
3. Anacleto de Medeiros (schottische)
4. Chiquinha Gonzaga (corta-jaca)
Ficha Técnica do disco:
Arranjos: RADAMÉS GNATALI
Integrantes da CAMERATA CARIOCA:
JOEL DO NASCIMENTO: (Bandolim),
JOÃO PEDRO BORGES E MAURÍCIO CARRILHO (violões 6 cordas),
RAFAEL RABELLO (violão 7 cordas)
LUCIANA RABELO (cavaquinho)
CELSO JOSÉ DA SILVA (ritmo)
Apoio da Secretaria de Cultura do Estado do Paraná
WEA dsicos - 1980
OBS.: Espetáculo instrumental de 1979 na cidade de Curitiba-PR
Paulo César Pinheiro disse "O show é uma dignidade e respeito às verdades musicais, hoje tão esquecidas".
Meu pai ouvia muito rádio e foi o primeiro na vizinhança a comprar uma "radiovitrola de alta fidelidade", eu deveria ter uns cinco anos de idade. Lembro-me do Sr. Orlando voltar para casa aos domingos pela manhã com discos da "era do rádio", aqueles de 78 rpm feitos de carnaúba.
Nas festas juninas na casa ao lado da minha sempre havia a presença de um regional tocando "chôro de salão". Lembro-me do meu pai ouvindo-os - vendo-os - sorrindo. As valsinhas brasileiras eram dançadas e os pares eram trocados com uma vassoura. Quando a música acabava ninguém queria ficar com a vassoura na mão, pois dançavam até com as crianças. Ah, as valsinhas eram dançadas no estilo "puladinho", muito bonito de se apreciar. Um jeito de usar o corpo junto às passadas.
È-me uma felicidade compartilhar aos amigos deste blog este lado 1 do disco "Tributo a Jacob do Bandolin" (as músicas de Jacob vem no lado 2) que "vira e mexe" o ouço como um ritual das manhãs de domingo, seja ela de céu azul ou não.Em razão da minha infância, sinto que o choro pertença ao azulzinho do céu da eternidade.
(foto de 07.06.2012, tirada na praça de catedral (esquina em frente ao Solar do Barão de Jundiaí)
Para os que não tem coração forte, recomendo não se demorar ao ver a foto abaixo. Aos mais resistentes, olhem...
...olhem o velhinho descansando uma das perninhas - uma depois da outra. Uma das mãos apoia as costas também cansadas. O outro braço descansa à frente do corpo apoaindo-se na perna dobrada.
Pessoas desta idade andam de sapato e, especialmente, se de calça social. Andam de tênis quando usam bermuda. Ele está de tênis para aguentar o peso de seus mais de setenta anos de trabalho.
O velhinho propatanda do negócio de comprar ouro, volta à pé para sua casinha na distante periferia da cidade, pois não poderia gastar o que ganha dando-se ao luxo de voltar de ônibus - uns R$ 2,80 a passagem. Usará este valor para levar bolachas recheadas para os netinhos.
O boné o protege do sol mas também ampara seus cabelos brancos e secos como palha.
Talvez ele esteja querendo um "pingado" e pão com margarina ou uma garrafinha de água gaseificada....
Talvez esteja precisando trocar as lentes dos seus óculos. Suas vistas estão cansadas de não ver perspectiva de vida melhor para ele e para sua companheira, mas luta como pode.
Seu injusto salário de aposentado é dividido com os filhos, ajudando-os com o que pode e não pode, como trabalhar de sol a sol plantado no calçadão junto a um poste de iluminação.
Ao olhar mais à esquerda, percebi que eu não estava sozinho
Desci voando do terraço em busca da máquina fotográfica na esperança de que ele não se fosse dali. Ao voltar, mais outro se achegara. Cantava: Eu-pas-sa-rinho... Eu-pas-sa-rinho...
Eles partiram voando junto ao primeiro dourado raio de sol.
Nasci em S.Paulo (1954). Resido em Jundiaí(SP). Sou líder de treinamento corporativo. Toda minha vida profissional foi dedicada a buscar no indivíduo a inclinação favorável para o seu desenvolvimento pessoal, profissional e social. Procuro ser útil no ponto em que o meio mais precisa.
Na minha vida pessoal, sou escritor e também realizo várias incursões no mundo das artes e, assim como no trabalho, sempre na intenção da construção de um mundo bem melhor.