terça-feira, 24 de julho de 2012

O poeta - Verbo presente do infinito (Reedição de "Verbo Pessoar)








Pessoa tanto sentia a outra pessoa que se repessoava nela.








Como bom português que era, Fernando tinha muito a velejar de sua cadeira diante da mesinha. Detinha-se apenas o bastante em cada porto ou só até incorporar o continente. Sua cadeira, vazia de si mesmo, era uma nau onde tudo cabia enquanto essência. Vivia em profundidade oceânica e, neste caldo original, paria-se rente à pele, sem esforço. “Criar é preciso”, disse ele com a precisão de sua individuação auto multiplicadora.

Hipócritas ou fingidores são estéreis, pastam o desamor na dimensão dos desalmados aonde acreditam estar.

A nossa dimensão é a da conjugação terrena do verbo presente do infinito: o estar em permanente reformulação.

Jairo Ramos Toffanetto

Nenhum comentário: