quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Parte 2 - De caco cheio ou vazio neste primeiro dia e ano?

Crônica da passagem de ano



Antes da meia-noite, véspera de Ano Novo, eu voltava de São Paulo pela Av. 23 de Maio quase vazia, apenas uns carros pingados. No primeiro semáforo depois da Pinacoteca, um homem andava de lá pra cá com a mão estendida e nenhum dinheirinho ele ganhava. Neste dia, diz-se "Boas Festas" e, em troco, ganha-se alguma coisa. O semáforo abriu passagem. Um cara no carro de trás me advertiu com um farol alto escurecendo ainda mais o dantesco daquilo.

Em moedas, eu tinha acertado R$ 2,30 para inteirar com uma nota de cinco reais que eu previamente separara para o pedágio. Eu as puxava do console e elas caiam no assoalho O homem não parava de falar, e nada inteligível.  A buzina do carro de trás buzinou soou em repreensão. Dei ao homem os míseros trinta centavos soçobrantes. Não lhe desejei Boas Festas com isto, ou Feliz Ano Novo por isto. Ele não parava de falar de modo incompreensível e, assim, pegou as moedas.

Colocou-as no bolso da bermuda e se dirigiu ao carro de trás.  Não saí da frente do todo poderoso de “carrão”. Deixei-o se entender com o pedinte. Do retrovisor eu vi que ele nem o olhara. O pedinte batia e batia no vidro fechado. Buzinava e buzinava pra mim enquanto alternava luz alta e baixa contra meu retrovisor. Deveria estar escamando palavrões aos bafos de jiboia, e daqueles cabeludos e bem casposos, casporentos.

Tanto o pedinte quanto o “poderoso” eram igualmente ininteligíveis para mim. Deveriam estar de caco cheio até o gargalo.  Esperei o sinal amarelo e parti deixando o vermelho para o “poderoso”.
De caco cheio nada mais cabe muito menos paciência ou repeito para com o próximo.

Parte 1: http://poemas-de-sol.blogspot.com.br/2014/01/de-caco-cheio-ou-vazio-neste-primeiro.html
Jairo Ramos Toffanetto 

Nenhum comentário: