terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Instalação/ocupação PRESENTEAUSENTE KELLER DUARTE (impressões de um visitante)



Estar na “Instalação/ocupação PRESENTEAUSENTE” e tese de doutorado em artes da artista Keller Duarte (pela Universidade Presbiteriana Mackenzie) foi um debruçar-se sobre uma história de vida pelo viés da arte: a passagem de Edmur Duarte, um advogado e sambista compositor no meio sócio cultural político econômico da cidade de Jundiai-SP.


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Instalado com delicadeza e maestria num flat em Higienópolis, tradicional bairro da cidade de São Paulo, o visitante recebe um cartão para abrir o elevador e, depois de vinte e um andares, o mesmo cartão lhe abre uma porta íntima alheia, mas perpassando a sensação de abrir um quarto seu, próprio, ainda por visitar. E você já está entrando... Uma sutil e singular interação e com o passar para a margem do respeito, da reverência para com o outro, logo, para consigo mesmo.


Nada às vistas, isto é, avultando os olhos. Mal se percebe as instalações. Aparentemente, só um quarto de hotel mas... passo a passo você vai descobrindo(-se), surpreendendo-se, experimentando a fineza de sensações em ampliação do sentir, o deslinde de experiências compostas num espaço mínimo povoado de diálogos do silencio, ora com o retratado, ora com a artista, ora consigo próprio. Algo pronto a se revelar a todo o tempo, e ao tempo das suas próprias emoções. Pura alquimia.
Um caminhar em brisa leve, ao que faz bem à alma e alimenta o nosso espírito, uma dádiva. Foi assim que a Regina, o Yung e eu fomos apresentados ao Sr. Duarte: poemas sobre poemas. Emblemáticas taças de gelatina em uma mini geladeira...

Traços sutis, cheios de silêncio vivaz, eloquentes à alma.  A linguagem do belo, do eu nuclear, do sentir sentindo-se. Um quarto do tamanho do mundo, do mundo leve, daquele em que vale a pena viver para dar as mãos e sair por aí num final de tarde de verão.

Depois de vinte minutos marcados, o fechar desta porta foi como o voltar de outra dimensão. A porta se fechou mas já não tranca mais, continua aberta dentro do peito. 

Jairo Ramos Toffanetto

2 comentários:

Keller Duarte disse...

Texto de um observador sensível! Delicadeza e leveza com as palavras indo ao encontro das imagens, das formas,... Gosto dessa liberdade de expressão! obrigada.

Jairo Ramos Toffanetto disse...

O encontro com seu PRESENTEAUSENTE não poderia ser de outro modo, Keller.Impressões terrenas e universais,sutis, reverentes,liga de céu e terra, enfim, eternizadas em nossos corações, e pela tua liberdade de expressão artística.