(Clique na imagem para ampliar)
Em realidade, o artista, aqui representado por Hopper como palhaço, é o único que não usa máscara, apenas não a tirou, ou porque se esqueceu de tirá-la, ou estava muito cansado do meio em que vive para trocar a fantasia. Fantasia que lhe permite, em seu silêncio, dizer as verdades que ninguém vê, levando às pessoas, num átimo de sanidade mental, rirem, de si mesmas, cinicamente se projetando no palhaço,
Todos os demais acreditam na própria máscara que vestem pela recusa de se recriarem, voltarem à origem, a pureza da criança. P.ex.: mulher em pé, pela ausência do "eu" veste a máscara da vaidade, da altivez, da prepotência.
O casal da direita se sentem incomodados com a verdade, a realidade que o palhaço lhe diz tão eloquentemente, e, desta vez, sem brincar. Para estes, era melhor que uma criatura destas, o artista, não cruzasse seu mundo, ou que mesmo existisse. Ainda que tenham de o engulir, não suportam o desafio que ele representa, ignoram-no, pois.
Do lado oposto, o da esquerda, separado por uma coluna, a arte nada significa para ele. Não a trocaria pelo seu cigarro. Queima o cigarro assim como queima sua vida.
O palhaço, o bobo da corte, o louco arquetípico... quem mais teve, ao longo da história, licença para dizer, mostrar o que ninguém quer ver. A inação é a maior ação deste personagem retratado por Hooper.
Enfim, a arte sempre diz mais e melhor e... o planetinha difícil para o artista sentar-se à mesa como um cidadão comum. (JRToffanetto)
Edward Hopper (Nova Yorque - 1882-1967) Artista gráfico e ilustrador conhecido por suas misteriosas pinturas de representações realistas da solidão na contemporaneidade, e que refletem sua visão pessoal da vida moderna americana.