quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Agora a sério, dois pontos: Crônica sobre o fotografar na rua

FotoJRToffanetto

06:26h. Subo ao terraço e surpreendo o sol tragando a gelada aragem da noite, mas ele, faceiro, logo se escondeu.  Às 10:00 h, com a brisa fresca da manhã, fui de bicicleta fazer a feira com os seus raios escapando de mim algumas jardas à frente. Quanto mais eu pedalava mais ele me escapava.

Não houve sol a pino naquela manhã de domingo. Sumira do céu antes do almoço, o que me obrigou-me subir ao terraço e recolher a roupa estendida no varal. Ao cair da tarde, trovões me contaram que ele não se importa que o vejam em sua privacidade com a manhã, mas fotografá-lo já é outros quinhentos. Prometera céu encoberto e chuva para toda a semana. Parece brincadeira, mas respondi-lhe:
- Então estou frito, pois sou mais presente ao sol nascente que o poente.

Agora a sério, dois pontos:

Um absurdo as pessoas se fazerem rogadas quando, em passeios públicos, puxa-se uma máquina fotográfica em direção delas seja a que distância for. Devem ter culpa no cartório ou estão sendo procuradas pela polícia. Ou, o que será que passa na cabeça destes ilustres insolventes?

Mario Quintana, nosso poeta, dizia algo mais ou menos assim “Quando se está na rua você é da rua”, e pronto, ou será que querem cobrar pela “formosura” deles. Ou como disse Caetano Veloso “ninguém sabe o que o poeta põe ou tira da lata”, vai ver que é isto, bronca de quem age de modo diferente - como ousa? Ou será que empunhar uma câmara é tão indiscreto assim? Assim como os silvícolas sentem, pensam roubado sua alma, ou será que temem o mostrar da sua penúria interna?

Aí alguém me disse que devo ter uma carteirinha sei lá da quantas. Será que preciso de uma para fotografar o sol da manhã?

O Brasil é tão rico e grande mas... ô paizinho difícil. 

JRToffanetto

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