domingo, 13 de setembro de 2015

Poetas são como aves migratórias



Poetas são
como aves 
migratórias

Sempre tem alguém dizendo escrever poesia.
Serão deuses? Pergunto
se  já tentaram escrever um poema.
Porque? Respondo,
posto que  pode dar um branco mental.
Pois, então...

É do branco, o nada, o vazio,
e nele o incidente,
a matéria prima do poeta.
Sem isto a Poesia não vem cantar
dentro, e isto não é prerrogativa
só dos poetas.
Sem isto, desista dos poemas,
esvazie-se, esqueça-se,
abra-se à Poesia.

Lá no fundo,
é do esquecer(-se)
o incidente sentido,
trabalhado,
devolvido ao Cosmo.
Fica no tempo
o rabisco, o poema, 
a folha ao vento...
O que sopra sabe
aonde a folha vai
desde a deslembrança,
o sentimento do eterno,
os primeiros traços
.do sentir em alcance
das cordas do coração,
Pertence da Presença Infinita.
Linguagem do Verbo.

Oh, a folha caiu na fogueira.
Cinza que o vento fragmentou.
Do fogo que o vento alimenta,
a Poesia é irmã solar.
Foi o poema que caiu
 no tempo do fogo.
.
Deixe-se ir.
Sem isto, esqueça os poemas
presos em livros.
Suas folhas viageiras...
estantes de pó de cinzas.

Quer um poema?
Escreva sem se consumir por ele.
Deixe-se consumir pela Poesia,
e só pela Poesia.
Aí virão os gestos poéticos,
o dar a mão, as asas,
o voo preciso

a Poesia vai longe 
do nó umbigal.
Deixe os poemas,
faça terapia e. depois,
ausente-se.
Abra-se à Poesia.
Seja o que escreve ou diz
para
Dizer ou escrever o que não sabia.

A Poesia, caros poetas,
 é igual ao Poeta Maior,
dEle somos aprendizes.

No fim
o poeta tem um norte.
Sozinho ninguém chega  à Casa Do Pai,
Poetas são como aves migratórias,
voam em bando.


JRToffanetto

Jundiaí, 12 de setembro de 2015


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