O sabiá
laranjeira se modificou para manter sua espécie. Agora ele canta na madrugada.
Assalta o sono do paulistano que já não vinha dormindo de espírito tranquilo.
Sonharia
antes de dormir se, por primeiro, esvaziasse a cabeça, ou ao menos rezasse... certamente
não se sobressaltaria nem com o “TÉÉIN” metálico gritado por uma araponga junto
à sua janela.
Sabia que só o atormentado
sente calafrios com sudorese pelas notas de harmonia do canto do sabiá? Saiba que
este canto na antemanhã não é praga não, é benção dos auspícios. Melhor lavar a maledicencia da boca com pedra de sabão.
Pois acordar
com a vibração canora desta criaturinha da luz, despertá-lo-a na dimensão dos
anjos em coro da eternidade sob a batuta de São Paulo.
Pois, então,
já que o sabiá se modificou, que o homem também se modifique. Mude seu relógio biológico. Fique acordado às
madrugadas, trabalhe(-se). Quem sabe respeitando o divinal canto do “laranjeira”
vislumbre um dedinho que for da linguagem da pureza, do encanto, da inocência
perdida, e, por fim, remodele seu conjunto de ideias e se recrie.
Se pelos
nossos defeitos causamos uma explosão demográfica de sabiás, é de se imaginar o
que atrairíamos pelas nossas faculdades, o princípio do respeito a todas as
formas vivas. Pois, saibam, demanda responsabilidade e não incompreensão que leva à aversão e
ao ódio.
Entenda-se
isto para seu coração se pacificar, bater tranquilo, sem sobressaltos noturnos.
Comece praticando a compreensão, a paciência que leva ao silêncio. Mas se
ninguém quer saber disto, desejo madrugadas adentro com um sabiá laranjeira
cantando para cada janela de apartamento.
Enfim, o que
é bom pro “laranjeira” é bom para o ser humano. Seja como um passarinho você
também.
Ou tome mais
destas manchetes nos jornais do mundo inteiro: SÃO PAULO, A CIDADE DO “LARANJEIRA” e do triste povo vagante pelas horas mortas.
JRToffanetto
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