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Pede para abortar a missão dizendo que os olhos terráqueos
dependiam de óculos, e por esta razão não eram mágicos como se supunha, mas
sua solicitação lhe é negada. Deveria manter-se em observação.
Um baixinho de compleição física atarracada com ares peseudo intectuais, atravessa o
corredor com óculos pendurados pelo pescoço à frente do peito. Alguém limpa as lentes de seus óculos com flanela,
outro as esfrega contra a calça. Observa gente usando as hastes para coçar o
alto das costas, para girar a armação nos dedos, mordiscá-las...
Uma “senhorinha” para à frente da porta de entrada e troca
de óculos. Com o novo em uso, procura algo dentro da bolsa. Retira papéis, vistoria-os
pausadamente e com um deles às mãos se dirige ao balcão da recepção. Recebe uma
senha e se senta, tira um livro da bolsa e não o abre para ler. Seus olhos
ficam a olhar para o vazio. Parecem assistir a um filme da sua vida recente.
Uma moça de porte e roupas elegantes vem se aproximando do
pátio externo para a porta de entrada. Usa óculos ray ban azul degrade. Depois da senha, ela se senta retirando seus
óculos ray ban azul degrade do alto da cabeça. Deixa-o na cadeira ao lado
enquanto revira o cabelo modificando seu penteado. Inspeciona-o à frente da
imagem self do seu celular. Tira um livro pra ler mas não
o abre. Seus olhos fitam o vazio.
Um homenzarrão se aproxima com óculos escuros, mas ao
atravessar a porta pro lado interno suas lentes ficaram claras. Depois de ele passar
pelo balcão ouve um crackt ao se sentar. Troca de cadeira e verifica sobre o
que se sentara. Assusta-se e recolhe os óculos despedaçados. Esconde-os fechando
as mãos.
A moça toma rumo da porta de saída, mas ao passar a mão no
cabelo se volta à procura da cadeira na qual esteve em espera. O homenzarrão
ocupava aquele local. Pergunta-lhe por um óculos azul. Ele abre a mão e, sem
desculpar-se pelo acidente, mostra-lhe o despedaçado ray ban escuro degrade. Ela não perde a classe. Diz-lhe que ”eram só pra sol mesmo”. Vira-lhe as costas e lágrimas de seus olhos azuis se precipitaram cruzando as faces.
A missão do pesquisador viajante se cumprira, mas recebe ordens pra sair atrás na mulher da lágrima e
materializá-la para o planeta aonde estavam, do outro lado da Via Láctea. Ellé
desliga todos os contatos e sai atrás da moça, antes, porém, das mãos do homenzarrão retira os óculos ray ban azul degrade. Esquadrinha-o holograficamente e o materializa. Alcança a moça da lágrima e lhe chama dizendo:
- Moça, moça, aqui estão os seus óculos, intactos.
Ela se volta. Ao vê-los, novas lágrimas cruzam o rosto.
- Mas eu os vi quebrados, como é que podem estar inteiros.
- Ellé retira um lenço do paletó e o estende a ela. A moça permanece
imóvel. Ele lentamente leva o lenço ao seu rosto e lhe enxuga as lágrimas dizendo:
- Eu estou com fome, você tem algum lugar pra me indicar.
Ela o leva a uma padaria perto dali.
Ao entrarem, ele observa que todos ali olhavam para as
telas planas de televisores. Ela pergunta a Ellé o que ele quer comer. Como a resposta não vem, diz-lhe que pedirá um croissant. Ele responde que também quer um. Ao lhe
levar o salgado, nota que ele estava com lágrimas nos olhos. Tudo o que Ellé vê
está a transmitir para o outro lado da Via Láctea. A missão fora abortada, e ele rompe todas as conexões com seu planeta de origem.
Ela o toma pela mão e saem da padaria. Já na calçada ele diz a ela. Hoje, um planeta foi liberto pelas suas lágrimas, pelas lágrimas da Terra, e até pelas minhas lágrimas. Nunca mais será o mesmo.
- Oh um poeta, exclama ela.
- Apenas um ser humano que acabei de me tornar, ainda tenho muito a aprender com o sentir.
Ela o toma pela mão e saem da padaria. Já na calçada ele diz a ela. Hoje, um planeta foi liberto pelas suas lágrimas, pelas lágrimas da Terra, e até pelas minhas lágrimas. Nunca mais será o mesmo.
- Oh um poeta, exclama ela.
- Apenas um ser humano que acabei de me tornar, ainda tenho muito a aprender com o sentir.
JRToffanetto