Yuri (Ulrich) N. Toffanetto (26), em 06/12/2017, Jundiaí/SP |
Yuri analisa o texto em "goodreads" |
O lado fantástico da imaginação, e a denúncia da hipocrisia do ser humano, põe Nelson Rodrigues a criar no excesso do colorido das personagens, a falta de caráter dos tipos sociais predominantes da sociedade brasileira, o charlatanismo de jornalistas, médicos, críticos de teatro, que por entre outros, pelo sim, pelo não, ninguém se salva no caráter, exceto a viúva, que é honesta apenas à morte do marido.
O desenvolvimento se dá pela preocupação degenerada do jornalista J.B de Albuquerque, de que sua filha viúva de quinze anos não é mais capaz de sentar, no sentido ingênuo, e sexual do termo. Então ele convida para solucionar este caso nada mais, nada menos que o diabo, uma prostituta polaca, um otorrinolaringologista, e um psicanalista, como exemplos morais para tal objetivo.
Isto posto, a trama da viúva é contada aos personagens, e o passado volta. A história dela começa a ser redesenhada da mesma forma que aconteceu, porém com a nova influência dos convidados, que por intermédio gradual, acabam participando diretamente da vida da viúva, do passado ao presente, vão descobrindo sua psicologia misteriosa, até que então, a proposta inicial da situação problema é resolvida como obra do destino sobrenatural.
À vista disso, arremata-se genialidade ao texto. O gênero farsesco exagera nas caricaturas, todo carregado de sarcasmos, a comicidade da peça nos faz refletir sobre a tendência estereotipada de onde caminham os maus valores, travestidos de bons costumes. Qualquer semelhança com nossa atualidade política moralizante, não é mera coincidência.
(Yuri Ulrych)
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