terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Jundiaí "Q" 107 BAGAGEM _foto/textoJRToffanetto



Infantes e bebes não carregam bagagem e muito menos bagage* em assalto à língua portuguesa. Subtraírem o "m" é como arrancar uma pétala da última Flor do Lácio, algo condenável senão perverso neste "tudo vale" para atrair possíveis clientes passando em descuido pela rua.

A nuvem branca acima da placa de atrair incautos, é tão grande e leve que não há maleta ou sacolinha descartável que a comporte. São os pequeninos que as soltam no céu azul a cada sorriso. São pertences da Pureza, do Amor, da Bondade. Aves mágicas, passarinhos de céu e terra.

O que criancinhas querem é ficarem livres e soltas para brincarem e rolarem da terra ao céu, mas são postas em armaduras incômodas nas costuras com cheirinho de roupa nova. Diz a mamãe pro papai que paga a conta no ar da graça:
- Ai... ficou um amor, né bem!!!

De uma armadura pra outra e mais outras, infantes e bebês de nuvem, mostram o beiço anunciando vontade de chorar, mas ninguém olha, ninguém vê. Bagage mesmo, serve.

- E o preço disto,  pergunta o papai achando-o "dos olhos da cara":
- É de promoção, meu bem!

Se a questão é moda, isto é para os pais, para eles, lá do mundo onde se barganha felicidade com o estar contente, bagagem por bagage. E os doces pinguinhos de gente, como ficam? É cruel, mas já ouvi adultos adoutos tirarem de sua bagage:

- Eles não sabem de nada mesmo!!!
"É MESMO!!!", desafio-lhes eu.

* Bagage é nome de loja vilarense, de Vila Arens, segundo maior centro comercial no chão da cidade.

JRToffanetto

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