quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Sentia o oceano, sua poética em movimento _JRToffanetto


Sentia o oceano, sua poética em movimento. 


Alto Mar
Sentado na areia da praia, o poeta contemplava as ondulações do mar distante, o oceano. Sentia o oceano e sua poética em movimento.  Seguiu-se a arrebentação de onda à beira-mar. O mar não cabe em um poema, e este, quem sabe? pode caber naquele, assim como o seu peito.

Uma garrafa de casco verde rolara à sua frente. Casco azul nas mãos. Fora verde? Havia um papel dentro. Desarrolhou a garrafa e o retirou. Um poema escrito em letra de branco espuma sobre cor violeta. Versos se desvaneciam enquanto lidos, e nada ficou em sua memória.

Sob ímpar emoção, colou o papel branco sobre a garrafa em apoio. Com um toco de lápis que havia em seu bolso escreveu um poema transparente. Recolocou-o no casco violeta. Com água à altura do peito, arremessou a garrafa pra depois das ondas em arrebentação.

Debalde tentou reescrever, ao menos, aquele seu poema. Só lhe restou sentar-se à beira da praia. Pois foi da resultante destes estares que ele, por fim, escreveu sem fim ao Sempiterno e até o dia em que, de tanto nadar e nadar, em alto-mar ficou.
_JRToffanetto

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