Sentia o oceano, sua poética em movimento.
Alto Mar
Sentado na areia da praia, o poeta contemplava as
ondulações do mar distante, o oceano. Sentia o oceano e sua poética em movimento.
Seguiu-se a arrebentação de onda à
beira-mar. O mar não cabe em um poema, e este, quem sabe? pode caber naquele,
assim como o seu peito.
Uma garrafa de casco verde rolara à sua frente. Casco azul
nas mãos. Fora verde? Havia um papel dentro. Desarrolhou a garrafa e o retirou.
Um poema escrito em letra de branco espuma sobre cor violeta. Versos se
desvaneciam enquanto lidos, e nada ficou em sua memória.
Sob ímpar emoção, colou o papel branco sobre a garrafa em
apoio. Com um toco de lápis que havia em seu bolso escreveu um poema
transparente. Recolocou-o no casco violeta. Com água à altura do peito,
arremessou a garrafa pra depois das ondas em arrebentação.
Debalde tentou reescrever, ao menos, aquele seu poema. Só
lhe restou sentar-se à beira da praia. Pois foi da resultante destes estares
que ele, por fim, escreveu sem fim ao Sempiterno e até o dia em que, de tanto
nadar e nadar, em alto-mar ficou.
_JRToffanetto
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