Meu velho e bom pai dizia:
"Sou do tempo da Escopa de 15,
introduzida no Brasil pelos italianos".
No meu caso, do Quarto Centenário
da Cidade de São Paulo.
Sou da minha primeira infância,
do céu azul sempre sobre mim aonde quer que eu fosse.
Da Rua 32 e da R. Pirapora aonde o mundo passava.
Da Bombix, plantação de amoras
Das amarelinhas, peteca e, depois, do bambolê, do patinete, do chicletes, da maria-mole e da paçoquinha.
Dos pés de romã aonde passarinhos cantavam nas tardes derretidas pelo Sol. Araponga trilava lá no ermo.
Das pitangueiras à caminho da escola.
Do Tanquinho, um grande lago pra mim. O seu zelador exibia sua ameaçadora espingarda de sal. Nunca se soube de ele atirar em criança
Da cesta de Natal Amaral, da bolacha champanhe, do torrone, do panetone. Foi um tempo em que se vivia ardorosamente.
Do bebedouro de água da Vila Arens para cavalos de carroças de aluguel. Tempo do canto da Verônica em procissão de Corpus Crist.
Tempo do terço, do picadão, da roda de contar histórias à noitinha dos vaga-lumes, dos silvos de maus presságios da soturna coruja.
Enfim, são 20:32h, e eu já contei uma história do Arco da Velha, é hora de se recolher, como se dizia naqueles tempos idos.hora do Reporter Esso. "Hora de se recolher', assim se dizia.
Jairo Ramos Toffanetto
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