Pena dos frangos de corte...
Só na ração, não unham o chão nem ciscam
nem abrem as asas, desconhecem o vento, céu aberto, um raio de sol
Vivem para comer, ganhar peso e nenhum laço afetivo com seu criador
Desta tragédia sem fim,
cruelmente pendurados de pés amarrados,
cabeça pra baixo, de frente pro ralo.
Grito mudo de horror
Afiação da faca, a cada corte do pescoço de seus consortes
O esvair do sangue até a última gota.
Depenados, sem víceras assados ou grelhados,
À mesa, faltos de nobreza,
Eis os insaciáveis, vorazes mastigadores
Desconhecidos da Paz, da Felicidade
Nenhum agradecimento,
um pedido de graça para todos da casa
Nos pratos fartos, garfos e facas já tintilam
Ditos consumidores, praguejam-se de boca cheia
Regam-se com vinho ou cerveja à mesa de propósitos ocos, cupinizados.
Sem suco do amor paternal, da bem querência, da união
Gazosas pras crianças arrelientas que já vão aprendendo
a sonoridade dos arrotos, a linguagem dos olhos
maléficos enviezados. inquietação no tom escabroso do ermo longínquo,
vibrações fracas, aborrecidas para elas,
Movimentos inquietantes de sobrancelhas indecifráveis,
Gestos de mãos e braços de cômica inutilidade, diretamente arremedáveis, tirando a temeridade dos ogros dali.
Pena...
menos aos indeglutíveis ogros.
_JRToffanetto
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