Olho no relógio. 04:30 h. Faço o café. Ao cruzar da lavanderia pro terraço, vejo uma única estrela no céu através do pequeno trecho que me permite olhar o céu. Presto mais atenção. Dou um passo pra lá outro pra cá, e identifico outras duas. Pelo tanto que a primeira estrela brilha, penso ser a tal base de aquecedores solar - 18 km de extensão - instalada pelos norte-americanos em redor de nosso planeta. Penso na estrela solitária, que também não é uma estrela, mas Vênus. Para nós, terráqueos, a estrela solitária é o Sol, afinal, na sua presença as demais estrelas que estão no céu não podem ser vistas. Ficamos na intensa companhia dela pela maior parte do dia.
Chego ao terraço para me certificar das demais estrelas e vejo ao longe as luzes de um grande avião. Até ele passar ouço um pássaro cantando. Alguém o acordou em sua gaiola ao acender as luzes da casa. Vou até à ponta do terraço e vejo alguém todo arrumado passando pela calçada. Ele pegará o trem ou está à caminho da Sifco (uma metalúrgica há um quarteirão de casa)?
Quando o avião passa é que ouço o seu ronco. Penso no ruído produzido e me parece que na minha infância eles roncavam mais. Talvez o barulho no bairro fosse menor, pois já agora é ruído por toda parte. Mais pessoas passam pela calçada do outro lado da rua. Uma delas já vai de uniforme para o trabalho. Será que é dia? Será que ainda é noite para elas? Madrugada? Apenas hora de trabalhar?
Para mim elas caminham sob as estrelas, mas vejo-as andando com os olhos no chão. Não me parece pensamentos que se prestem quando se olha para o chão, se é que são pensamentos. É a cara da pré-ocupação, e não o da liberdade de ser como sugere o caminhar à noite. A liberdade de ser-e-estar caminham juntas, mas apenas quando se faz justiça para consigo mesmo. Na verdade está a consciência. É preciso coragem para esta justiça. A liberdade é uma conquista. A paz, a verdadeira Paz, só será possível através do vôo livre. É na Paz onde tudo começa. A liberdade é um fim.
Jairo Ramos Toffanetto
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