segunda-feira, 2 de junho de 2014

Theatro Polytheama: Palco ou Palanque do PT





Polytheama: Palco ou Palanque do PT?

“Oh Terra Querida Jundiaí”,

Que Deus me perdoe,

Mas os políticos da vez abençoe.

Viva a santa ignorância daqui.

 
A menos que eu esteja enganado, não me lembro de nenhum político das administrações anteriores subirem ao palco do centenário Theatro Polytheama para se sobrepor à cena. Pois neste sábado, na Abertura da Temporada Musical, antes da apresentação da OMJ sob regência da Cláudia Feres e da aguardada presença do compositor , maestro e estudioso italiano Pieralberto Cattaneo, inusitadamente subiu ao palco o Secretário da Cultura representando o prefeito e também um vereador representando o presidente da Câmara Municipal, e pra quê? O que poderiam dizer no templo da música e do teatro? Declamar alguma eloquência sagrada, talvez em sânscrito? Não reconhecem o meio, não? Mas aonde estava o diretor do Polytheama? Escondido atrás da cortina vermelha? Mas cadê peito para lhes dizer: - AQUI? NÃO!!!, ou melhor “Desculpem-me senhores, mas isto está fora do protocolo da casa”. No mínimo, ele poderia anotar os nomes dos ilustres presentes e repeti-los antes da apresentação e nada mais, e ainda acho muito.  Tomaram a plateia pelo quê? Um bando de acéfalos que engolem qualquer coisa? Foram lá apequenar o programa daquela noite, o espaço, a nossa cidade.

O Sinhozinho Malta faria melhor, iria em pessoa, e não na figura de um representante. Quando os tais foram chamados da platéia, inocente como sou, imaginei que anunciariam algo auspicioso para a OMJ como, p.ex., a construção de um espaço adequado para os ensaios da orquestra. E a Cláudia Feres ainda agradeceu, por delicadeza, a concessão do espaço cedido pelo Sindicado dos Metalúrgicos chamando-o de “muito bonito” mas, pergunto eu: adequado? Acusticamente adequado? O Sinhozinho Malta  chamaria os engenheiros que deram tratamento acústico ao espaço da OSESP e resolveria de vez a notória pobreza acústica do Polytheama. Ilustríssimos, para subir neste templo da música e do teatro é preciso ter algo para dizer, o contrário disto é vergonhoso. Sinceramente, nem me lembro do que falaram. Falácias não cabem na minha cabeça.  

Cultura não se relaciona com política, não se serve para arrecadação de votos, e muito menos de palco para a secretaria da cultura.  É mais do que obrigação do prefeito da cidade, do presidente da câmera municipal, e do secretário da cultura, é uma questão de dever, especialmente no que tange ao que compete: dar condições, suporte, para que expressões culturais se manifestem com dignidade e respeito. Especialmente do digníssimo prefeito é dever oferecer o melhor e não só para a OMJ, mas também para outros grupos musicais importantes vindos da iniciativa privada. É orgulho para a cidade ter a OMJ, uma camerata, e tantos outros. É orgulho para a cidade termos a Cláudia Feres, uma embaixatriz da música erudita conhecida pelo mundo afora. É um orgulho para a cidade termos um Polytheama lotado de gente que aprecia musica universal. Vocês sabem quanto tempo um músico estuda para cada apresentação? Quantos anos eles estudaram e ainda estudam? Sabem o quanto seus pais investiram neles? Sabem o que é arregimentar um orquestra e conduzi-la de forma a alcançar o lastro que a OMJ vem conseguindo?

Como cidadão brasileiro residente por toda uma vida nesta cidade de Jundiaí, tenho vergonha de saber que a Orquestra Municipal de Jundiaí não tenha uma sala “especial” para estudarem e ensaiarem. Convido o secretário da cultura junto do prefeito para visitarem o espaço da Orquestra Sinfônica de Heliópolis, regida por Isaac Isaac Karabtchevsky, e construída no meio da maior favela da cidade de São Paulo e que o mundo inteiro a reverencia. Terei o prazer de os acompanhar junto de amigos meus. A OMJ faz por merecer, no mínimo, um espaço adequado, uma vez que Jundiaí é uma das cidades com arrecadação maior que alguns estados brasileiros juntos.

Ah, ia me esquecendo: não cabe no Polytheama um apresentador com voz  musicada qual radialista de quinta categoria, aliás, aonde estava o diretor daquele espaço? Não serve nem para cuidar da recepção, a qual, péssima, sem postura, sem treinamento. Não dão conta sequer de fechar a porta durante o espetáculo. Aliás, no meio da apresentação do maestro Cattaneo, vejam bem, do CATTANEO, a plateia foi invadida por um insuportável cheiro de pipoca feita com óleo vencido, “Meu Deus do Céu...” será que o maestro, ao sair, correu pra comprar uma pipoca jundiaiense? Já houveram diretores e secretários da cultura que sabiam cuidar melhor destes e outros detalhes. Uma noite que tinha tudo para se tornar inesquecível foi de grandes vexames, vexames IN SU POR TÁ VE  IS, de fazer dó.

Por fim, eu não poderia deixar de reverenciar o exemplo da Astra & Finamax, e que merece ser seguido por demais empresários. Estes sim DEVEM subir ao palco junto do diretor do Teatro, e nada mais, por hora, tenho a dizer.

Jairo Ramos Toffanetto

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