REEDIÇÃO de
QUARTA-FEIRA, 22 DE AGOSTO DE 2012
Do campanário todas as estrelas se juntariam ao sol
Subi as escadas do terraço vendo o céu estrelado, risonho. As estrelas mais brilhantes, o fundo mais negro, e a barra clara a escapar indelevelmente da pálpebra do dia. Algumas nuvens aonde o sol nasceria prometia formas e cores auroreais àquela manhã em despertar. A beleza do céu risonho adjacenciando-nos em luz, da luz as cores, a vida, a suave brisa. Todas as estrelas a se juntar ao primeiro raio de sol.
Nenhum pássaro piava e meu coração cantava, vibrava, embalava-me em emoção. Num instantâneo um cometa riscou o céu com luz. Uma estrela caída a horizonte leste se levantaria.
Um pássaro cantou. Chamou meu olhar ao portal matutino. Outro e outro e outro pássaro cantavam beijando o nascimento do dia. O sino da igreja badalou seis vezes. Eu estava no terraço, no sacrário, no campanário, no horizonte leste. Estava em parto no altar da nave Mãe-Terra.
Uma locomotiva soou seu apito no pátio de manobras da ferrovia. Um ônibus pesado vinha do oeste às minhas costas. Luzes internas estavam acesas. Campo Limpo. Haviam poucas pessoas. Estavam chegando das estrelas, indo ao horizonte leste, prontinhos para abraçar o dia. Tomei um gole de ar e fui com eles até o sol levante. Oh, o arrebol. Depois desci do terraço e, após o café, fui fazer a barba. Cadê-a-minha-colônia? A Estrela Sol na face nua, fresquinha. Mais uma vez cerrei as pálpebras com o sol a dois dedos acima da linha do horizonte. Com ele desci o terraço. Mais tarde, em claridade vesperal, deixei-o a horizonte oeste.
JRToffanetto
JRToffanetto
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