domingo, 18 de outubro de 2015

Poema de 32 versos (JRToffanetto)



Poema de 32 versos

o vento batia como mãos na minha janela.
Insistente, às vezes travesso,
parecia jogar-se de costas contra ela
como querendo virá-la do avesso.
Eu esta num quarto iluminado
de venezianas abertas,
vidraças desertas,
com o vento não incomodado

finalmente, saí para fora
sentir seu doce açoite
de sopro que me levou embora.
Voltei com a tarde noite,
mãos varrido o vento,
olhos úmidos de terra,
pés abrasados pelo tempo,
idade de uma era

já na cama, relaxado,
sem tirar o sapato
que eu deixara no mar,
ufa!, tomei fôlego de ar
olhando para o teto escuro
com os olhos nas estrelas,
o céu não distando um pulo,
aceso como devotas velas

mas o vento saiu pela janela,
em corrente com a porta de dentro apagou a vela,
esvoaçou fragmento de sonho no seio.
Com a tinteiro carregada do firmamento
uma vez escrevi num papel
dourado de sol, trazido pelo vento,
com mãos em fermento atadas ao balaustre
do tempo, embarcadas sob estelar lustre.

(Abril do ano 2000)
JRToffanetto


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