segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Refogados do Sandi - Crônica do pular e do brincar o carnaval


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Estou "pulando" o carnaval, quer dizer, passando ao largo, fora dele. Fico lendo, passeando de bicicleta, escrevendo, editando fotos para meu blog, pintando a área de serviço da minha casa, o muro, e assim por diante. 

No fim da tarde de sexta-feira até fui com a Regina "ver" um bloco da Ponte São João passando pelas ruas do centro velho da cidade. Ainda que eu não confunda o "estar contente" com felicidade, "ver" todo mundo contente é bonito. Deu-me a impressão de estar noutra cidade, noutro estado, noutro país.

Décadas atrás o termo em uso não era pular, mas brincar o carnaval, mesmo porque quem pula é gato, cachorro, cavalo, gazelas... O vocábulo pular estaria correto se referisse ao pular da terra para aquelas famosas festas da bicharada no céu dos contos populares para criancinhas.
Para “brincar” é preciso ser como a criança. Com desprendimento e criatividade ela entra no mundo da fantasia aonde representa tudo o que a aflige e dá forma de expressão para o que ela não tinha nenhuma. Vai aprendendo separar coisas e se resolvendo para se tornar melhor.
Em suas origens, e o carnaval não é invenção brasileira, é só pesquisar pra saber mais detalhadamente. Infelizmente, por causa da televisão, do samba enredo, das alegorias, o carnaval se tornou temático, preso a um torniquete de regras para um evento de mídia. Virou “coisa” de figurino, tudo marcado como num desfile militar, e, por fim, pra estrangeiro ver. Acredita-se que do contrário não se tornaria linguagem de mídia e nada colaria.
Os adultos desaprenderam “o brincar”, pois, em geral, vivem engessados o tempo todo. Seja através do bestial “politicamente correto” tão em moda ou para defender sua boquinha. Quanto mais engessados mais pesados, mais difícil o desprendimento para a criatividade do brincar e, daí, tome birita sobre birita. Biritas para quebrar o gelo (desinibir-se) e não o gesso.
Mas houve um tempo em que se “brincava” o carnaval e não se dizia “desfile de escolas de samba” mas simplesmente “desfile de rua” ou “carnaval de rua”. Nestes antigos “desfiles” a dura realidade era desabafada através de sátiras teatrais e tudo com muito humor. 
Lembro-me de uma das sensações do carnaval do Rio de Janeiro de 2012 ou 13 com um  dos figurantes escorregando num tobogã para cair numa piscina d’água. Linguagem de impacto e nada mais. Se isto fosse feito por gente que sabe do “brincar”, tipos caracterizados de diferentes meios sociais escorregariam por este  tobogã representado em ladeira abaixo onde o folião cairia numa piscina de água, sim!, mas cheia de dinheiro de plástico boiando e transbordando para o chão, um catarse. 

Lembrando os políticos lá em Brasília, e em quase todas as centenas de prefeituras das cidades brasileiras, alguns sairiam com a cueca cheia de dinheiro, outros com a indefectível mala preta, outros investindo em carne de vaca, e assim por diante. 


O leão dos impostos abocanharia boa parte do dinheiro dos mais necessitados, deixando-os com fome, sem saúde, sem educação para melhor se defenderem dos reveses da vida, e assim por diante. 
Enfim, esqueci de dizer muita coisa, mas amanhã me lembro.

JRToffanetto

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