No meio da turba um passarinho
abre meu ouvido no frasco de essências. Faço um alongamento no âmago gargalo. Cumprimento
o que canta em mim. Mas logo sou assaltado. Deixo-me abraçar pela doce fragrância
de um pequeno manacá. Mas o ronco nervoso de motor vem me alcançando. O monóxido
de carbono chega primeiro. Dentro, salvo o manacá que ainda se derrama cheiroso.
O caminhão pára para eu passar. Olho pro motorista e agradeço a gentileza. Ele sorri,
mas quando percebe que eu vejo seu dedo indicador apontando para mim, aperta o
gatilho com o polegar. Mas ele não tinha cara de matador de passarinho. A
fumaça preta que saia do escapamento não era dela, era nossa. Então, no meio da
travessia, gargalho no gargalo e passo. O motorista buzina pra mim, sorri. Acenamo-nos.
“Vai ver” que ele também era um guardador de manacá com passarinho. (JRToffanetto)
sábado, 22 de outubro de 2016
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