quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Do Bolero de Ravel, a generosidade da Maurice _ Ensaio JRT

Do silencio, o condutor da orquestra abre os olhos, é "Bolero", executado do fundo da alma que caminha. Sua batuta está na delicadeza de um palitinho. O tempo musical único é o próprio tema atemporal, claramente, uni verso de corpo crescente em cores, vibrações musicais em plenitude extensa do êxtase, ponto de realização em infinitude. Por generosidade de Maurice, o Belo acordado,  repetindo-se, clonando-se, ampliando-se. O permanente estado da alma que sempre é mais, e mais ainda. Contemplação em infinita linguagem do eterno, forma poético musical, desde o princípio. Som om om.. o sem fim até o fim da execução temática que está lá, no fundo, raíz, ventura da floração, de novo ovo ovo...

Deste "sem esforço" da beleza ,escreveu Rubem Alves "Porque que é que se repete? Por ser bonito. A gente quer a repetição do beijo, do doce, do poema, do por-do-sol", e porque o belo é culminante insepulto. Diante do crepúsculo do entardecer, a pálpebra do dia se fecha e se abre em aurora, piscando sem fim para nós, exercícitando-nos à integração ao Belo que sempre será mais e mais, culminantemente, infinitamente insepulto, de galáxia em galáxia, generosas vias lácteas, desafio este até os confins do Cosmo, evoluir ir ir...

Ainda com a frase temática de Rubem Alves, lembro-me, agora, de um haicai de quase vinte anos "O poeta não larga dor no braço aonde dorme a mulher amada". Sofro da dor da Beleza que não larga de  ressonar em mim.(JRToffanetto)


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