Depois de composto e lido este soneto (abaixo) para o Yuri, também fui até a Regina para fazer o mesmo. Ao voltar, encontrei-o tirando foto sobre foto do local onde eu o tinha composto. Dei-lhe meu óculos e ele juntou o seu, concluindo, pois, sua foto ilustração (acima).
Não me importa a palavra, esta corriqueira. Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe, os sítios escuros onde nasce o «de», o «aliás», o «o», o «porém» e o «que», esta incompreensível muleta que me apoia. Quem entender a linguagem entende Deus cujo Filho é Verbo. Morre quem entender. A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda, foi inventada para ser calada. Em momentos de graça, infrequentíssimos, se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão. Puro susto e terror.
A Retrospectiva da Forma a Ação é uma exploração da figura central de julio-le-parc na história da arte do século XX. Yuri N. Toffanetto esteve lá e trouxe um pedaço da obra do grande mestre da junção de arte cinética com op art. Amanhã, 25/Fev será o último dia desta singular exposição.
O violoncello que o velho Slava(Rostropovich) usa é trocadado algumas
vezes, com o passar do tempo, mas o arco é sempre o mesmo: uma extensão deu
própria mão direita – diz ele.
"Não sou futurista nem passadista, eu sou eu." Heitor Villa-Lobos
A mais popular das melodias villa-lobianas, nitidamente inspirada nas serestas, foi composta em 1938, com texto de Ruth Valadares Correa e dedicada a Arminda Villa-Lobos. Ruth Valadares Correa - que era também cantora - foi responsável pela estréia da obra, em 1939, sob a regência de Villa-Lobos, no Rio de Janeiro. Bidu Sayão andava de charrete pelas praias do Guaruja, aonde morava. Testemunhos da época contam que ela entrava na mata e cantava em meio à natureza, aos pássaros, e que se podia ouvir de muito longe.
Tarde uma nuvem rósea lenta e transparente. Sobre o espaço, sonhadora e bela! Surge no infinito a lua docemente, Enfeitando a tarde, qual meiga donzela Que se apresta e a linda sonhadoramente, Em anseios d'alma para ficar bela Grita ao céu e a terra toda a Natureza! Cala a passarada aos seus tristes queixumes E reflete o mar toda a sua riqueza... Suave a luz da lua desperta agora A cruel saudade que ri e chora! Tarde uma nuvem rósea lenta e transparente Sobre o espaço, sonhadora e bela!
Quando o samba até se confundia com marchinhas de carnaval. Um dos sambas mais cantados em 1960, composto por Elzo Augusto, José Sacconani, e Jorge Martins.Indicação musical de Fernando Colin para "samba das antigas".
Fiquei muito impressionado ao ouvi "Luz do Fim" pela primeira vez, talvez porque com Sofia Gubaidulina a questão não é entender mas sentir, e para tanto, é só se deixar ir que ela abre um espaço vazio a caber evocações fora desta nossa dimensão em comum, vindas lá do fundo, identificando-nos com o que somos e o que não somos, um sentimento de responsabilidade para além de si próprio, de reverência à Grandiosidade, do desejo da harmonia em expansão, do brindar à Vida que merece ser vivida. Viva Sofia! (JRToffanetto)
London Philharmonic Orchestra
Kurt Mazur - Regente
Domingo de Carnaval, 08:13h, Jundiaí/SP, fui surpreendido com com esta imagem no céu visto do terraço de casa:
Sob uma temerária tocha de fogo de balão.Tudo bem em relação à carga afetiva para com essa Monalisa, mas...
...depois de popularizado o preço dos dronners, porque não levar a Monalisa por um destes já que o preço do banner deve ter saído mais caro? E melhor, os dronners. O que fazer para aplacar a sanha destes hobbystas, folclóricos "baloeiros"?
Se carnaval é sobejamente conhecido como a festa da carne, só tava faltando fogo pro churrasco:
O balão segue pra São Paulo, 45 km até Serra da Cantareira. Talvez não chegue até lá. Talvez caia em uma indústria onde tanta gente depende, ou numa populosa comunidade, ou, quem sabe, a tocha se consuma antes de assaltar a vida de tanta gente, flora, fauna, insetos polinizadores...
Sabe quantos milênios levou, idade da Serra da Cantareira, para ela chegar até nós?, ou dos remanescentes índios tupiniquins, o brasileiro autóctone, na Reserva Ecológica do Jaraguá, pra acabar em estultas chamas? Que viagem no céu deram para a inocente Monalisa? (JRToffanetto)
Aprendi muito com a velhice. Acho que fiquei um pouco mais sábio. Sábio não é quem sabe mais que os outros. O Tao-Te-Ching faz uma distinção entre o erudito e o sábio. O erudito é aquele que ajuntou muitos saberes. O sábio é aquele que, saboreando os saberes ajuntados, se dá conta de que muitos deles não têm gosto, ou que têm um gosto que não lhe agrada. O sábio – degustador – se livra deles. O erudito soma saberes. O sábio diminui saberes. Ele escolhe o que é essencial. Os saberes essenciais são aqueles que nos ajudam a viver.
A primeira lição da velhice é filosófica. No seu lindo livro sobre o Taoísmo Alan Watts diz o seguinte: “Especialmente à medida em que se vai ficando velho, torna-se cada vez mais evidente que as coisas não possuem substância, pois o tempo parece passar cada vez mais rápido, de forma que nos tornamos conscientes da liquidez dos sólidos; as pessoas e as coisas ficam parecidos com reflexos e rugas efêmeras na superfície da água”. O mesmo tema é onipresente na poética da Cecília Meireles. Veja o poema Mudo-me breve: “Recobro espuma e nuvem / e areia frágil e definitiva./ Dispõem de mim o céu e a terra,/ para que minha alma insolúvel/ sozinha apenas viva./ Naquelas cores de miragem/ da água e do céu, mais me compreendo. Anjo instrutor em silêncio me leva:/ e elas fazem ver que sou e não sou, no que estou sendo”. Ela se vê refletida na água e no céu: nuvens. Haverá coisa mais sem ser que as nuvens? Ou o rio? Essa é a lição da vida: só se pode ser deixando de ser. (Rubens Alves)
Ensaio sobre a fotografia conceitual
Quando, livre do estúdio e seus fotoshop(s), encontrado possibilidade de criação, intervenção sobre uma imagem do cotidiano comum a todos, eis o que o Yuri e eu entendemos como "fotografia conceitual", ou melhor, a fotografia enquanto captura da abstração, do olhar à intervenção criativa. A comunicação direta, a mensagem entre o imagem e o espectador. Fotografia conceitual é o inverso da fotografia, pois nesta abre-se espaço-tempo pra criar, e, então, você monta, desmonta, e assim por diante. (JRToffanetto)
Nasci em S.Paulo (1954). Resido em Jundiaí(SP). Sou líder de treinamento corporativo. Toda minha vida profissional foi dedicada a buscar no indivíduo a inclinação favorável para o seu desenvolvimento pessoal, profissional e social. Procuro ser útil no ponto em que o meio mais precisa.
Na minha vida pessoal, sou escritor e também realizo várias incursões no mundo das artes e, assim como no trabalho, sempre na intenção da construção de um mundo bem melhor.