terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

O Pingo d’água. Haicai#632


O Pingo d’água
Haicai#632

só para dar-se,
apenas desce o que pode subir.
O pingo d’água
(JRToffanetto)

Sonetando Decalques da Poesia _JRToffanetto _FotoYuri N.Toffanetto





Depois de composto e lido este soneto (abaixo) para o Yuri, também fui até a Regina para fazer o mesmo. Ao voltar, encontrei-o tirando foto sobre foto do local onde eu o tinha composto. Dei-lhe meu óculos e ele juntou o seu, concluindo, pois, sua foto ilustração (acima).


Sonetando Decalques da Poesia

Deste retalho pleno de vazio
Gosto do papel branco que me chama
Sinto o inscrito, vem a mim e declama
do fundo da superfície que se abriu

Roço-o com caneta vazia de mim
Provo todo palpitar sob cetim
Aflauta-me rumores do humor do dia
Canto beijo na face da Poesia

Sob lume prata verso não se esconde
A inspiração não se anteponde
Mas se da esquina, sombria fica a rua
Parte ela encontrar novo arrebol

Pelos caminhos traçados de lua
retalho branco dourado de sol

JRToffanetto

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Tamancos. Haicai #111



Tamancos. Haicai #111

Tamancos da menina
arrastam versos na calçada
(JRToffanetto)

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Adélia Prado _Antes do Nome (in 'Bagagem')


Antes do Nome

Adélia Prado, in 'Bagagem' 

Não me importa a palavra, esta corriqueira. 
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe, 
os sítios escuros onde nasce o «de», o «aliás», 
o «o», o «porém» e o «que», esta incompreensível 
muleta que me apoia. 
Quem entender a linguagem entende Deus 
cujo Filho é Verbo. Morre quem entender. 
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda, 
foi inventada para ser calada. 
Em momentos de graça, infrequentíssimos, 
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão. 
Puro susto e terror. 

Julio Le Parc no Instituto Tomie Otake

A Retrospectiva da Forma a Ação é uma exploração da figura central de julio-le-parc na história da arte do século XX. Yuri N. Toffanetto esteve lá e trouxe um pedaço da obra do grande mestre da junção de arte cinética com op art. Amanhã, 25/Fev será o último dia desta singular exposição.

Foto de Thais Lemi da criação conceitual de Yuri

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Mstislav Rostropovich - Villa Lobos- Bachianas brasileiras , Preludio- Ростропович


O violoncello que o velho Slava(Rostropovich) usa é trocadado algumas vezes, com o passar do tempo, mas o arco é sempre o mesmo: uma extensão deu própria mão direita – diz ele.

OS MUTANTES - NÃO VÁ SE PERDER POR AÍ - 1969


MUTANTES _Deixe Entrar Um Pouco D'água no Quintal (Letra)

A melhor banda de todos os tempos



Deixe Entrar Um Pouco D’Água no Quintal
Os Mutantes

Chuva de Espinhos sobre o coração
faz sangrar no fundo e a ilusão
Não tem mais sentido não tem mais lugar
Numa vida cheia, limpa como o ar
Vou correr para as nuvens
Já que a vida corre e o tempo não se vê
Faça tudo simples olhe pra você
Mede de idéia se esse for o caso
Deixe entrar um pouco d’água no quintal
Fique em pé sem se cansar
Quanta coisa de errado eu já fiz
Tudo está gravado em algum lugar
Já é hora de equilibrar. Mutação
Foi por culpa minha o que eu deixei passar
Quanto mais se dorme menos tem pra dar
Mexa-se rapaz não deixe de entender
Abra bem os olhos para o amanhecer
Faça força irmão não morrer
Deus criou os anjos para nos guiar
Dê um pouco o braço deixe um pegar
Não se desespere com a escuridão
Abra a mente deixe entrar a inspiração
E o que é bom vem depois
Muita estrada em minha vida já andei
Quase nem senti o rumo que tomei
Não sou mais não sou menos

Heitor Villa-Lobos - Bachiana nº 5 _Cantilena (Bidu Sayão)


"Não sou futurista nem passadista, eu sou eu."
Heitor Villa-Lobos

A mais popular das melodias villa-lobianas, nitidamente inspirada nas serestas, foi composta em 1938, com texto de Ruth Valadares Correa e dedicada a Arminda Villa-Lobos. Ruth Valadares Correa - que era também cantora - foi responsável pela estréia da obra, em 1939, sob a regência de Villa-Lobos, no Rio de Janeiro. Bidu Sayão andava de charrete pelas praias do Guaruja, aonde morava.  Testemunhos da época contam que ela entrava na mata e cantava em meio à natureza, aos pássaros, e que se podia ouvir de muito longe.


Bidu Sayão - Bachiana nº 5 - Cantilena

Letra de Ruth Valadares Corrêa:

Tarde uma nuvem rósea lenta e transparente.
Sobre o espaço, sonhadora e bela!
Surge no infinito a lua docemente,
Enfeitando a tarde, qual meiga donzela
Que se apresta e a linda sonhadoramente,
Em anseios d'alma para ficar bela
Grita ao céu e a terra toda a Natureza!
Cala a passarada aos seus tristes queixumes
E reflete o mar toda a sua riqueza...
Suave a luz da lua desperta agora
A cruel saudade que ri e chora!
Tarde uma nuvem rósea lenta e transparente
Sobre o espaço, sonhadora e bela! 

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Aos que trabalham o sonho _JRToffanetto



Aos que trabalham o sonho

O sol descoberto
do manto escuro da noite,
traze-nos a Aurora,
o sonho das estrelas
à eternidade de cada dia
A elas devolvemos
no crepúsculo da tarde,
o trabalhado ou não.

Com nós, ou apesar de nós,
A aurora virá em novo amanhecer
do sonho das estrelas
à eternidade de cada dia.
à eternidade do por do sol
a brilhar no manto escuro da noite
os sonhos mais lindos
da eternidade das estrelas

O sol descoberto...
até que todos se levantem

JRToffanetto
23.02.2018

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Peso. Haicai#631



Peso. Haicai#631
Sem plano de voo ao horizonte leste,
volume ao rés do chão
(JRToffanetto)

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Poemas são pássaros #Haicai 29 _FotopoemaJRToffanetto



Haicai 29 
Poemas são pássaros

Poemas são pássaros
cantando do outro lado
no lado de cá
(JRToffanetto)

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Noel Rosa - O Orvalho vem Caindo (Noel Rosa e Kid Pepe)


Para este blog, gentil indicação musical de Fernando Colin

Senhor Delegado - Germano Mathias

Grande intérprete da poética urbana no samba paulistado
Indicação musical de Fernando Colin para este blog


segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

A falha _Poema Imagético _JRToffanetto



A falha _Poema Imagético _JRToffanetto

A Poesia se mantém incólume. 
 Mestres ilusionistas - bandidos do tempo - 
cobrem sua pele com mil véus, 
escondem a Bela Senhora até si próprios. 
Poetas, santos e guerreiros a desnudam
(JRToffanetto)

1959 - Pot-Pourri de Carnaval



Joel de Almeida - Sempre é Carnaval (1964)


autores: Joel de Almeida e Boschetti

Geraldo Filme - Silêncio no Bexiga

Samba das antigas

Geraldo Filme = Ensaio

Samba das antigas
(documento da TV Cultura com Geraldo Filme)


Gilberto Alves - De Lanterna na Mão

Quando o samba até se confundia com marchinhas de carnaval. Um dos sambas mais cantados em 1960, composto por Elzo Augusto, José Sacconani, e Jorge Martins.Indicação musical de Fernando Colin para "samba das antigas".


Manhã de domingo _fotoJRT



domingo, 11 de fevereiro de 2018

Sofia Gubaidulina - Light of the End (2006) - part 1 e 2

Fiquei muito impressionado ao ouvi "Luz do Fim" pela primeira vez, talvez porque com Sofia Gubaidulina a questão não é entender mas sentir, e para tanto, é só se deixar ir que ela abre um espaço vazio a caber evocações fora desta nossa dimensão em comum, vindas lá do fundo, identificando-nos com o que somos e o que não somos, um sentimento de responsabilidade para além de si próprio, de reverência à Grandiosidade, do desejo da harmonia em expansão, do brindar à Vida que merece ser vivida. Viva Sofia! (JRToffanetto)

London Philharmonic Orchestra
Kurt Mazur - Regente

A viagem da inocente Monalisa _Crônica fotográfica de JRToffanetto

Domingo de Carnaval, 08:13h, Jundiaí/SP, fui surpreendido com com esta imagem no céu visto do terraço de casa: 


Sob  uma temerária tocha de fogo de balão.Tudo bem em relação à carga afetiva para com essa Monalisa, mas...  


 ...depois de popularizado o preço dos dronners, porque não levar a Monalisa por um destes já que o preço do banner deve ter saído mais caro? E melhor, os dronners. O que fazer para aplacar a sanha destes hobbystas, folclóricos "baloeiros"?

Se carnaval é sobejamente conhecido como a festa da carne, só tava faltando fogo pro churrasco:


O balão segue pra São Paulo, 45 km até Serra da Cantareira. Talvez não chegue até lá. Talvez caia em uma indústria onde tanta gente depende, ou numa populosa comunidade, ou, quem sabe, a tocha se consuma antes de assaltar a vida de tanta gente, flora, fauna, insetos polinizadores... 

Sabe quantos milênios levou, idade da Serra da Cantareira, para ela chegar até nós?, ou dos remanescentes índios tupiniquins, o brasileiro autóctone, na Reserva Ecológica do Jaraguá, pra acabar em estultas chamas? Que viagem no céu deram para a inocente Monalisa? (JRToffanetto)


sábado, 10 de fevereiro de 2018

Carnaval de Rua 10.02.2018, 21:53h Jundiaí/SP_fotoJRToffanetto


Na calçada aguardando reunião da escola na avenida

The Best Big Bands of the Swing Era



Bad Boy Good Man (music by TAPE FIVE)



Quem sobe?

Frases motivacionais em cada degrau 
de um departamento da Secretaria de Saúde 
do Governo do Estado de São Paulo, 
em Vila Mariana (Farmácia de Alto Custo)

O QUE NÃO TE DESAFIA NÃO FAZ VOCÊ MUDAR
(o custo deste desafio consome apenas 0,34 calorias)

As frases foram criadas pela Equipe de Sustentabilidade do local

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Triton and Siren (1909), Milan _Giorgio de Chirico

Artistas de diversas áreas da criatividade poetizam do inconsciente coletivo, como o pintor italiano Giorgio di Chirico

Triton and Siren (1909), Milan

Feuchtersleben (1)


Feuchtersleben (poeta, físico e filósofo austríaco (1806-18490):

A Terra é bela: e, todavia, é tão difícil viver nela 
para quem não encerra o Céu em seu peito.

Ernst Baron von Feuchtersleben

Voe andorinha Voe _JRToffanetto


Ai as andorinhas...
Dos espaços de tempo
Em perenes dias terrenhos
Do nosso sentir é pertencimento

Oh passarinho de smoking
Camisa branca ao peito
Pelos Quintanares voando
Voando e encantando

Voe andorinha
Voe com seu bando
Voe andorinha Voe

(JRToffanetto)

Johann Pachelbel - Canon in D Major

Pablo Neruda (LIV, do Livro das Peguntas)


LIV

É verdade que as andorinhas
vão se estabelecer na lua?

Levarão a primavera
tirando-a das cornijas?

Se afastarão no outono
as andorinhas da lua?

Buscarão amostras de bismuto
a bicadas no céu?

E aos balcões voltarão
polvilhadas de cinza?

(Pablo Neruda)

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Rubem Alves, trechos do livro "As cores do crepúsculo"

Aprendi muito com a velhice. Acho que fiquei um pouco mais sábio. Sábio não é quem sabe mais que os outros. O Tao-Te-Ching faz uma distinção entre o erudito e o sábio. O erudito é aquele que ajuntou muitos saberes. O sábio é aquele que, saboreando os saberes ajuntados, se dá conta de que muitos deles não têm gosto, ou que têm um gosto que não lhe agrada. O sábio – degustador – se livra deles. O erudito soma saberes. O sábio diminui saberes. Ele escolhe o que é essencial. Os saberes essenciais são aqueles que nos ajudam a viver.
A primeira lição da velhice é filosófica. No seu lindo livro sobre o Taoísmo Alan Watts diz o seguinte: “Especialmente à medida em que se vai ficando velho, torna-se cada vez mais evidente que as coisas não possuem substância, pois o tempo parece passar cada vez mais rápido, de forma que nos tornamos conscientes da liquidez dos sólidos; as pessoas e as coisas ficam parecidos com reflexos e rugas efêmeras na superfície da água”. O mesmo tema é onipresente na poética da Cecília Meireles. Veja o poema Mudo-me breve: “Recobro espuma e nuvem / e areia frágil e definitiva./ Dispõem de mim o céu e a terra,/ para que minha alma insolúvel/ sozinha apenas viva./ Naquelas cores de miragem/ da água e do céu, mais me compreendo. Anjo instrutor em silêncio me leva:/ e elas fazem ver que sou e não sou, no que estou sendo”. Ela se vê refletida na água e no céu: nuvens. Haverá coisa mais sem ser que as nuvens? Ou o rio? Essa é a lição da vida: só se pode ser deixando de ser. (Rubens Alves)

Alvin Lee & Ten Years After - Outside my window

Velhas canções que ficaram, até hoje,
com a idade do tempo em que foram compostas, vencendo-a.


Fluxo Creativo (Da foto ao MetaPoema _JRToffanetto


Fotolhar 11
Em 04.02.2017, Jd.América, Cpo.Lpo.Pta/SP
Fluxo
Não como,
jejuo palavras.
Sob cachoeiras delas
saio seco ao Sol.

Sou úmido
Não carrego nuvens densas,
nem palavras ao fundo
No fundo, do relevo nada
 transfixa-me. 
Ora pois, 
Escrevo de dentro pra fora.
Deste perpassar, trovo-os 
do sentir à forma.
Verso a verso conjugo-os
 versejando em balança,
do baixo para o alto e vice-versa,
e pronto final .


escrevo
versejo
**O Yuri é poeta, ator, dramaturgo, fotógrafo de rua e violonista; faz pós-graduação em música na Faculdade Cantareira em São Paulo.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Fotolhar 10 _JRToffanetto


Fotolhar 10
02.02.2017, Jundiaí/SP

Fotolhar 9 _fotoJRToffanetto


Fotoolhar 9
(sem editor de imagem)
Jd.América, Cpo.Lpo.Pta., 09:21AM

Fotolhar


Em Fotoolhar 8 foi usado o editor de imagem 
do samartphone apenas para recortar.


Ontem em Cpo.Lpo.Pta/SP, Jd.América, 09;43AM

sábado, 3 de fevereiro de 2018

FotOOlhar 4 _fotoJRToffanetto


Fotoolhar 4 

Regnum 1 _ Fotopoema JRToffanetto


Poema em homenagem aos nossos poetas 
C. Drummond de Andrade e a Manoel de Barros

Regnum

No meio caminho havia uma joaninha
Havia uma joaninha no meio do caminho
Tinha uma joaninha
No meio do caminho tinha uma joaninha

Nunca me esquecerei desta causalidade
Minhas retinas ganharam nova vida
O reino da joaninha e de todos os reinos
No meio caminho havia uma joaninha

(JRToffanetto)

Fotoolhar 1

Fotolhar 2 _fotoJRToffanetto


Fotolhar 2
"Centro Velho" de Jdí/SP


Primal Scream - Get Duffy

Primal_Scream

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Marcos Valle, João Donato y Patricia Alvi - "Não Tem Nada Não"



Fotografia sobre a mesa _Yuri(Urych)Toffanetto

Ensaio sobre a fotografia conceitual
Quando, livre do estúdio e seus fotoshop(s), encontrado possibilidade de criação, intervenção sobre uma imagem do cotidiano comum a todos, eis o que o Yuri e eu entendemos  como "fotografia conceitual", ou melhor, a fotografia enquanto captura da abstração, do olhar à intervenção criativa. A comunicação direta, a mensagem entre o imagem e o espectador. Fotografia conceitual é o inverso da fotografia, pois nesta abre-se espaço-tempo pra criar, e, então, você monta, desmonta, e assim por diante. (JRToffanetto)