domingo, 2 de fevereiro de 2020

Ele abriu o guarda-chuva e saiu _JRToffanetto



Trovões rumorejavam ao longe. Ele abriu o guarda-chuva e saiu. Veio a tempestade, seguiu-se o black-outCães de guarda emudeceram.Nenhuma corda de violão soou. Velas amargaram acesas da infausta noite escura. Sinos não soaram. O relógio do tempo travou. 

Acenderam-se bicos de luz iluminando tudo o que se perde. Voltaram latidos de assalto. Chama fria por vidraças bizarras.  Quartos e salas vazias acesos congelados por televisores e terminais de vídeo, adeptos da morte on line submersos Tremeluziam ilusões.

Sentindo-se da rua, da chuva, do longínquo soluço trovão, ele voltou encharcado das estrelas nunca vistas. Ele voltou  com pingos de chuva refrão, vítreas calçadas em flashes relâmpagos. Trazia um presépio aceso como chama dentro do peito. 

Desde então, passou a dar rosas do seu presépio. Os que a receberam, até hoje abrem o guarda-chuva, seja de noite ou dia, e saem ao primeiro rumorejo de trovão dentro do peito. Nunca mais entraram em black-out.
(JRToffanetto)

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