domingo, 8 de outubro de 2023

- Poema de Óssip Mandelstam "Silentium" 1909

 1909

- Óssip Mandelstam (О́сип Мандельшта́м), no livro "Poesia da recusa". [organização e tradução Augusto de Campos]. Coleção signos 42. São Paulo: Editora Perspectiva, 2006.
Fonte: Templo Cultural Delfos


§



Silentium

Ainda não é nascida,
É só canção e poesia,
E está em plena harmonia
Com tudo o que é vida.

O seio da onda arfa em paz,
Mas como um louco brilha o dia
E a espuma pálido-lilás
Jaz no azul-névoa da bacia.

Que em meus lábios pairasse
A quietude original
Como uma nota de cristal
Pura desde que nasce!

Volve à poesia e a canção,
Sê só espuma, Afrodite,
Coração, desdenha o coração
Que com a vida coabite!

Nenhum comentário: