sábado, 5 de março de 2011

Do "comentário" do "Madu" à postagem de 20.02.2011


Asclépio, Deus da
Medicina, com o
caduceu - o bastão
e a serpente
 Entendo quando o “Madu”, em seu gentil comentário à minha postagem de 20/02/2011, diz que “Tenho muitas saudades da Medicina do passado, sou um eterno romântico, onde o paciente não era mais um no boleto do convênio, do INPS, dos raios que o parta, era uma relação de confiança, confidência e de amizade.”


Pois, naquele tempo - acrescento eu - nenhum médico que nas madrugadas geladas pulava da cama e ia à casa do paciente, seja a cavalo, de charrete e, depois, de automóvel, fazia-o sem ter integrado a si a fidelidade incondicional juramentada à medicina e, na prática, o exercício do seu extremo amor à sua profissão e à vida de seus semelhantes e, sobretudo, por respeito a algo maior que Shakspeare dizia haver  entre o céu e a terra.


Das várias imagens em que “o médico” suscita em nosso espírito, vêmo-lo, em primeiro plano, tanto como um diligente guardião da vida quanto a um portador da esperança. Era neste sentido que os “antigos” - ainda vistos em minha infância -, referiam-se a esta profissão como sacerdócio, pois o ponto de admiração a ele estava no desempenho de uma missão sagrada.


A propósito da "missão sagrada", e traçando um paralelo entre médico e sacerdote, o ponto incomum entre eles: está na exemplaridade do saber ouvir a alma humana: confessionário para um, auscultatório para o outro. Um prescrevia penitências para purgar o coração, o outro, ungüentos para puxar o mal de dentro do corpo físico. Se o sacerdote era um médico da alma, o médico era um sacerdote do espírito, e vice-versa. Ambos buscavam a paz como um sinônimo da harmonia.


“Madu” também escreveu “Caro Jairo, muitas vezes a cura dos "doentes" não está obrigatoriamente em curar a doença, mas sim dar um alento para a saúde resplandecer, para vida, dar um pouquinho de calor humano, afetividade e atenção àqueles que padecem de alguma doença infecciosa muitas vezes estigmatizante”.


Estigmatizante... ora se aí não está a ação consciente da qualidade dos veneráveis, dos nobres, e tão facilmente identificável no honroso sacerdócio da medicina. Assim entendendo, é notório que os remédios indicados vinham amalgamados com o “alento para a saúde resplandecer para a vida”.


Ah! meu caro Madu, como é bom saber que este espírito tão antigo quanto eterno resiste à velocidade e pressão dos tempos hoje, um vírus que grassa como uma pandemia. Soçobrarão os doutos em princípios etermos, princípios que nos fazem ver o homem muito superior ao que aparenta no comum das relações cotidianas.


Jairo Ramos To0ffanetto

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