domingo, 4 de novembro de 2012

Poetas - peixe fosforescente - Poesia - inferno - maritaca - borboletas - asas...

O poeta vai buscar palavra aonde não há nenhuma.


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Mergulhar no lago é preciso.

Dar brilho às estrelas não é prerrogativa só de poetas do lago .

Não busca o fundo da verdade. Ela vem à tona qual peixe que é lago, o lago que é peixe.


De calcanhares molhados, escreve o que não sabe, descobre. Vem com a brisa que a tudo varre, assopra-lhe desde as canelas.

Quer o céu pra terra em suas preces versos junto ao lago.


...Em pequenos goles, o poeta bebe lago piscoso. Frescor líquido na ponta da língua.
Um poema apenas diz da Poesia. Dando forma artística ao sentir, um grafar que vem de tempos imemoriais tentando passar por um furo no tempo.
...
A Poesia é mais quente que o inferno. Do lado de fora, o demônio não conseguindo entrar, fica a morrer de frio, sozinho e acabrunhado. Cabrunhão é como popularmente o diabão nos dias de hoje ainda é chamado.
...
Quanto mais alto voa o pássaro mais ele some no céu.

Pássaro não cochicha nada nos ouvidos do poeta, canta dentro. Eu mesmo escrevo com maritacas voando e gralhando acima do telhado que me cobre.

Ainda é preciso pés de terra para olhos de céu. Voar é preciso.

Se maritacas em bando fazem estardalhaço sonoro em pleno voo, é pra que tiremos nossos olhos do próprio umbigo e olhemos para o céu.

Quem saiu com essa de que "os poetas caçam borboletas nas nuvens" foi um poeta, pena que o inferno nunca pôde entender isto, do contrário saberiam o que as asas das borboletas dizem. É preciso asas para ler asas.

Pássaros e poetas tem encontro marcado no sétimo lago.


A humanidade é de poetas. Basta que deixem de se iludir, deem sim para a vida e se abram para ver. Neste dia, seus sentidos ganharão asas mas... quem quer voar?

Jairo Ramos Toffanetto

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