(Para ler os poemas do poeta Murilo Mendes e entendê-los, é preciso ter em mente que é preciso ter conhecimentos da história do Brasil, pois o humor dos textos se baseia em referências e alusões específicos a períodos ou episódios históricos, cujo desconhecimento pode tornar os poemas sem graça ou ininteligíveis.)
Escreveu Antonio Carlos Olivieri:
Em a "História do Brasil" (1933), o livro encara a nossa história com o humor iconoclasta da primeira geração do modernismo (embora publicado dez anos após a Semana de Arte Moderna de 1922). A obra cria, "com irreverência e malandragem lírica, o reverso de nossa mitologia cívica", na definição do grande escritor Aníbal Machado (1884-1964).
Durante meses e anos
Nós furamos o sertão,
Atravessamos florestas,
Desviamos os cursos dos rios;
Nossas famílias também, vão resolutas com a gente,
galinhas, carneiros, porcos,
Tudo aprende geografia,
... Num só tempo procuramos
As esmeraldas enormes
E traçamos, fatigados,
o mapa deste país.
Esmeralda não achamos
Ou achamos, mas sloper.
Não achamos esmeraldas.
Mas o tempo não perdemos:
No fim deste pic-nic
Desenrolamos no céu
A bandeira do país.
Escancaramento dos bastidores do poder:
"Teorema das Compensações"
O bicheiro é vereador.
Depende do presidente
Da Câmara Municipal.
O presidente é meio pobre,
Arrisca sempre na sorte,
Ai! depende do bicheiro.
O bicheiro ganha sempre
Na eleição pra vereador.
E “seu” presidente acerta
Muitas vezes na centena.
Depende do presidente
Da Câmara Municipal.
O presidente é meio pobre,
Arrisca sempre na sorte,
Ai! depende do bicheiro.
O bicheiro ganha sempre
Na eleição pra vereador.
E “seu” presidente acerta
Muitas vezes na centena.
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"Poemas" (1930), "Bumba-meu-poeta" (1930), "História do Brasil" (1933), "Tempo e eternidade" - com Jorge de Lima (1935), "A poesia em pânico" (1937), "O Visionário" (1941), "As metamorfoses" (1944), "Mundo enigma" e "O discípulo de Emaús" (1945), "Poesia liberdade" (1947), "Janela do caos" - França (1949), "Contemplação de Ouro Preto" (1954) são suas principais obras.
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