quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Oh queridas minhas (crônica)


Minha adolescência já foi longe, mas foi nela que eu aprendi a não escrever sob forte emoção, mas quando estas são delicadas, tão delicadas quanto a pluma, ao passarinho, sinto que é de dever.

Quinze minutos à pé me separam da Estação Ferroviária de Jundiaí. Andava pensando na Regina que está sob cuidados médicos em São Paulo e, atendendo ao pedido dela, levava-lhe um livro, agulhas de tricô e novelos de lã.

Eis que me surpreendo com muitas andorinhas sobrevoando o  largo canteiro central da Av. dos Ferroviários. Andei no meio delas imaginando que a esfuziante energia - pura alegria aos olhos – também estivesse “já-agora” com a mulher da minha vida, uma páassara. Tão leve ela é mesmo em severos cuidados para com a saúde.



A nuvem de passarinhos vão para o lado esquerdo da avenida e eu para a calçada oposta, lado da Estação. Ao voltar o olhar para onde imaginei que elas partiram, verifico que elas sobrevoam um campo gramado entre os muros limítrofes da Sifco do Brasil, uma fábrica de metalurgia e local do meu primeiro emprego.

No que as vejo, avultam flores lilases rente à grama como se fossem uma onda em precipitação para a calçada. De onde eu estava dei um zoom na câmera fotográfica e disparei o capturador. Segui me aproximando e recolhendo imagens.

Oh remanso da Paz


Olhei para as andorinhas que desapareciam no azul do céu à oeste, e então, mentalmente disse para elas:

Andorinhas-andorinhas,
São Paulo fica pro lado sul,
oh queridas minhas.

Ao retomar a calçada do outro lado da avenida, vi o trem se aproximando da estação. Não apertei o passo por que já sei que quando você entra no âmbito de um incidente após o outro, tudo o que se tem a fazer é deixar-se ir e até que estes cessem por si mesmos, e de mais a mais eu estava a sentir a linguagem das flores, a imagem da perfeição qual onda, um remanso de Paz vindo pra avenida.

Oh flores azuis lilases.

Eu usava óculos escuros e boné de pala frontal para  proteger olhos e rosto do sol à pino. Ao olhar adiante vejo que novamente estou no meio de um bando de andorinhas. Diziam-me que a energia já estava com a Regina.

Hoje, pela manhã, do meu local de trabalho vou pra frente da avenida. Mas o que é que vejo ao largo?

Óh andorinhas-andorinhas...
São todas fadas madrinhas



JRToffanetto    

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