domingo, 23 de novembro de 2014

Pontada nas costas


Foto de Yuri Ulrych
Pontada nas costas

Não cabe mais nenhuma mosca no trem São Paulo-Jundiaí. As pessoas estão prensadas uma nas outras e nem dá pra se virar. Mas um senhorzinho se vira daqui pra lá e de lá pra cá, e o melhor modo que ele encontrou para posicionar sua barriga foi pressionando-a contra mim, na lateral da bunda. Um insuportável estorvo.

Pra tirar minha bunda dali, foi a minha vez de me virar daqui pra lá e de lá pra cá.  Eu usei os ombros para isto e ele usara a barriga.  Nesta minha movimentação, vi a cara do dono da barriga. Tinha a mesma expressão da protuberância abdominal:  horrorosa.

Aquele bigodinho gorduroso... Olha, se eu vomitasse o acertaria em cheio. Mas não poderia fazê-lo. Estou certo que eu tomaria uma barrigada daquelas. Ai de mim, eu precisava tirar aquela imagem da minha frente. Faço um daqueles contorcionismos de tirar o chapéu e saiu dali.

Vejo-o de longe. Umas três pessoas nos separam.  Só então entendi o porquê de ele nem se importar ao encostar sua barriga contra alguém.  Atrás dele havia um cara enorme e que encostava o “bigulin” nas costas dele.


JRToffanetto

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