Fernado Pessoa e Sá-Carneiro |
DISPERSÃO
_Partida
(link de acesso ao poema na íntegra
e mais outros vinte e três)
(...)
O que devemos é saltar na bruma,
Correr no azul à busca da beleza.
[...]
Miragem roxa e nimbado encanto -
Sinto meus olhos a volver-se em espaço!
Alastro, venço, chego e ultrapasso;
Sou labirinto, sou licorne encanto.
Sei a Distância, compreendo o Ar;
Sou chuva de ouro e sou espasmo de Luz;
Sou taça de cristal lançada ao mar,
Diadema e timbre, elmo real e cruz...
Mário de Sá Carneiro
(Paris, fevereiro de 1913)
Ápice
O
raio do sol da tarde
Que uma janela perdida
Refletiu
Num instante indiferente —
Arde,
Numa lembrança esvaída,
À minha memória de hoje
Subitamente…
Que uma janela perdida
Refletiu
Num instante indiferente —
Arde,
Numa lembrança esvaída,
À minha memória de hoje
Subitamente…
Seu efêmero arrepio
Ziguezagueia, ondula, foge,
Pela minha retentiva…
— E não poder adivinhar
Porque mistério se me evoca
Esta idéia fugitiva,
Tão débil que mal me toca!…
Ziguezagueia, ondula, foge,
Pela minha retentiva…
— E não poder adivinhar
Porque mistério se me evoca
Esta idéia fugitiva,
Tão débil que mal me toca!…
-Ah, não sei porquê, mas
certamente
Aquele raio cadente
Alguma coisa foi na minha sorte
Que a sua projeção atravessou…
Aquele raio cadente
Alguma coisa foi na minha sorte
Que a sua projeção atravessou…
Tanto segredo no destino de
uma vida…
É como a idéia de Norte,
Preconcebida,
Que sempre me acompanhou…
Preconcebida,
Que sempre me acompanhou…
Mário de Sá Carneiro
Portugal
19 Mai 1890 // 26 Abr 1916
Poeta/Contista/Ficcionista
Portugal
19 Mai 1890 // 26 Abr 1916
Poeta/Contista/Ficcionista
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