sábado, 17 de setembro de 2016

Qual o seu norte,o seu bando?


Poetas são como aves migratórias



Poetas são
como aves 
migratórias

É do branco, o nada, o vazio,
e nele o incidente, o movimento,
a matéria prima do poeta.
'
É como a Poesia vem cantar
dentro, e isto não é prerrogativa
só dos poetas.

Sem isto, desista dos poemas,
esvazie-se, esqueça-se,
abra-se à Poesia.

Lá no fundo,
é do esquecer(-se)
o incidente sentido,
trabalhado,
devolvido ao Cosmo.

Fica no tempo
o rabisco, o poema,
a folha ao vento...

O que sopra sabe
aonde a folha vai
desde a deslembrança,
o sentimento do eterno,
os primeiros traços
do sentir em alcance
das cordas do coração,
pertence da Presença Infinita,
Linguagem do Verbo.

Oh, a folha caiu na fogueira.
Cinza que o vento fragmentou.

Do fogo que o vento alimenta,
a Poesia é irmã solar.

Foi o poema que caiu
 no tempo do fogo.

Deixe-se ir.
Sem isto, esqueça os poemas
presos em livros.
Suas folhas viageiras...
estantes de pó de cinzas.

Quer um poema?
Escreva sem se consumir por ele.

Deixe-se consumir pela Poesia,
não por poemas,
só Poesia,
o dar a mão, as asas,

o voo preciso.
a Poesia vai longe 
do nó umbigal.

Deixe os poemas,
faça terapia e,
depois,
ausente-se.

Abra-se à Poesia
para dizer ou escrever
o que não sabia.

A Poesia, caros poetas,
 é igual ao Poeta Maior,
dEle somos aprendizes.

O poeta tem um norte.
Poetas são como aves migratórias,
voam em bando.
Qual o seu norte?
Qual o seu bando?


JRToffanetto

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