segunda-feira, 12 de março de 2018

Cruz de Flauta (2)* _JRToffanetto



Cruz de Flauta (2)*

Do sopro oco bambu
todo poeta carrega
papel verde,
um retalho que for
em branco
verde de ideias

Antes da palavra
No bolso cheio de vento
Todo poeta traz
Um toco de lápis
Grafite apontado
Sentimentos giz de cera

Lança mão do lápis
Estica o arco
O estro
Arremete-o em mira
Atravessa nuvens densas
à arca de estrelas

Vindas com a brisa das manhãs
Borboletas de todas as pétalas
Aventam retalhos verdes por aí
sob a poeira dos tempos
Levantam
dormitantes versos bebês

Voe papel
Cante
Voe verde
Cante
Voe ao sol
Doure-se
        Cante
     sopro oco
       bambu

(JRToffanetto)
*A cruz de flauta (1) é um poema bem longo escrito em uma semana/full time entre 1999 e 2001. Publiquei a primeira parte neste meu blog “Poemas de Sol”.

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