quarta-feira, 14 de março de 2018

Bocage _LXXI* Nascemos para amar







Bocage
Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805)

LXXI*
Nascemos para amar

Nascemos para amar; a humanidade
Vai tarde ou cedo aos laços de ternura.
Tu és doce atrativo, ó formosura,
Que encanta, que seduz, que persuade

Enleia-se por gosto a liberdade;
E depois que a paixão nalma se apura,
Alguns então lhe chamam desventura,
Chamam-lhes alguns então felicidade.

Qual se abisma nas lôbregas tristezas,
Qual em suaves júbilos discorre,
Com esperanças mil na ideia acesas.

Amor ou desfalece, ou para, ou corre;
E, segundo as diversas naturezas,
Um porfia, este aquece, aquele morre.

Observação: o poeta descreve objetivamente os vaivéns do mundo do amor.
·          Bocage Sonetos Pág.100, Biblioteca Folha(10)

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