Bocage
Manuel
Maria Barbosa du Bocage (1765-1805)
LXXI*
Nascemos
para amar
Nascemos
para amar; a humanidade
Vai
tarde ou cedo aos laços de ternura.
Tu és
doce atrativo, ó formosura,
Que
encanta, que seduz, que persuade
Enleia-se
por gosto a liberdade;
E
depois que a paixão nalma se apura,
Alguns
então lhe chamam desventura,
Chamam-lhes
alguns então felicidade.
Qual
se abisma nas lôbregas tristezas,
Qual
em suaves júbilos discorre,
Com
esperanças mil na ideia acesas.
Amor
ou desfalece, ou para, ou corre;
E,
segundo as diversas naturezas,
Um
porfia, este aquece, aquele morre.
Observação:
o poeta descreve objetivamente os vaivéns do mundo do amor.
·
Bocage
Sonetos Pág.100, Biblioteca Folha(10)
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