quinta-feira, 8 de julho de 2010

Maísbela


       Se o Brasil imperial era menino, Jundiaí não passava de uma menina humilde e mirradinha, apagada como a Gata Borralheira e, como nos contos de fadas, prestes a por seus generosos dotes de beleza para fora. Sua carruagem mágica chegou por trilhos da São Paulo Railroad, mas isto é outra história. 

       O estigma de “feia”, dado por viajantes que no século XIX passavam por aqui, permaneceu até a década de setenta do século passado. Um pecado contra a singeleza da mocinha, estúpido arranhão em sua maciez. Hoje, não longe de completar quatrocentos anos desde que Petronilha Antunes e seu novo marido por aqui chegaram instalando uma nova cidade, pode ser vista, apesar de sua natureza simples, como sofisticada mulher, daí a singularidade de sua beleza.

       Fazem cinqüenta anos que por Maísbela percorro suas curvas ao longo cinzeladas por cascos do burro e rodas de carroça em contorno de torsos serranos. Não me canso de admirá-la, pois são inesgotáveis os contrastes urbanos com períodos de tempo e natureza. A poesia que evoca de súbitas vistas criam estados de pura magia. Em Maísbela você mal acaba de se despedir de um mix de formosura para a reencontrar de uma esquina a outra. Um poema paisagístico que nunca pára de surpreender. É só ter olhos para ver.
Jairo Ramos Toffanetto


(As fotos desta postagem foram tiradas por JRToffanetto)

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