terça-feira, 30 de agosto de 2011

Belisque-me para ver se estou acordado

No domingo que passou

Em geral eu acordo com a barra clara do dia. Deixo a água esquentando para o café e vou para o terraço ver o que estava sobre as sombras da noite. Esperando o arrebol, ligo o leptop, acordo os meninos, faço a barba, e sempre atento ao céu da manhã, aos pássaros com seu canto beijando a manhã, e os ruídos que me chegam da rua, dos saltos batendo apressados na calçada, do trânsito já nervoso... enfim, com uma xícara de café às mãos, fico lá... diante dos primeiros raios de sol nascendo dentro de mim. Com o corpo na posição de estrela, inicio uma respiração, na qual, com os braços para o alto, toco o céu com as palmas das mãos.

Às vezes sou surpreendido com alguém me observando. Quando assim, vejo se ela ao menos levanta os olhos para o céu. Como isto nunca ocorre, aceno-lhe com a palma da mão, transmitindo-lhe um raio de sol. Elas se parecem encabular como que se eu invadisse sua privacidade. Sorrio. Desço do terraço e ajudo os meninos esquentando pão na chapa, ou ajudando a procurar alguma coisa de última hora. Às vezes, até abro o portão para lhes facilitar a saída.

Finalmente, diante do computador, faço alguma postagem para o meu blog. Se tenho que dar texto, nem sempre consigo finalizá-lo e o deixo para depois do almoço. Hoje pretendo postá-lo antes de sair. Ocorre-me de inserir alguma foto do amanhecer. O Yung tem um arquivo enorme delas.

Neste domingo, chegando ao terraço – a escada me leva para o norte – e antes de me virar para o leste, observei que no prédio imediatamente à esquerda não havia uma única sacada sem ter alguém diante da alvorada. Nos outros, em cada janelinha dos fundos havia uma cabecinha voltada para leste. Ao fazer a minha costumeira respiração, voltei-me para trás e observei que todos acompanhavam meus movimentos. Fiquei muito feliz. Senti-me um personal-training-do-sol-levante. Corri pra o fosso da área de serviço e chamei pela Regina que estava para dentro de casa. Ela precisava ver aquilo, afinal, parecia-me surpreendente demais.
- Regiiináaa...
- Que foi Jairo?
- Sobe pro terraço rápido.

Rindo, ela me perguntou sobre o que estava acontecendo no terraço.

Ouvindo-a rir, era o sinal de que eu estava sonhando. Olhei pra janela e vendo muita luz sobre ela, certifiquei das horas. Era domingo, sete horas e dez minutos.

As pessoas, sempre tão cheias de afazeres nos dias da semana, podiam mesmo, no domingo, darem-se ao luxo de esperar o nascer do sol, afinal, ele nasce atrás dos montes. Acho que já da primeira sacada dá até pra ver o trenzinho os circundando. No caso de ele apitar, a magia se potencializa. Não, não perderiam os espetáculo de cores e luzes por nada deste mundo, pois para o outro lado do prédio, o crepúsculo se dá para o alto do bairro da Vila Progresso, impedindo-o de ser observado sobre os platôs da Serra do Japi.
Finalmente, este texto já está pronto para ser postado, e em tempo hábil de pegar a minha bicicleta e em sete minutos chegar ao trabalho – considerando o trânsito, levaria o mesmo tempo se eu fosse de carro. Palavra chata esta: carro. Carro ou automóvel, sinto-me melhor de bicicleta, pois ela roda dentro do meu tempo natural. Enfim, desta vez vou postar sem que volte para alguma reformulação de texto, ou acerto ortográfico ou de sintaxe. Sinto falta de um revisor(a).

Jairo Ramos Toffanetto

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